26/06/2015 22h48 - Atualizado em 29/06/2015 09h44

Historiador destaca ação de mulheres na independência do Brasil na Bahia

Entre as heroínas estão Maria Felipa, Joana Angélica e Maria Quitéria.
Mulheres lutaram e usaram táticas criativas para ajudar tropa brasileira.

Do G1 BA

Maria Felipa comandou mulheres que conseguiram expulsar tropas portuguesas da Ilha de Itaparica (Foto: Filomena Modesto Orge/Arquivo Público do Estado da Bahia)Maria Felipa comandou mulheres que conseguiram
expulsar tropas portuguesas da Ilha de Itaparica
(Imagem: Filomena Modesto Orge/Arquivo Público
do Estado da Bahia)

As batalhas pela independência do Brasil na Bahia duraram um ano e sete dias, entre 25 de junho de 1822 e 2 de julho de 1823. As mulheres desempenaharam um papel importantíssimo no processo, e muitas se destacaram nas batalhas e na ajuda aos soldados.

Entre elas está Maria Felipa. Segundo Eduardo Borges, historiador e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Maria Felipa não é muito conhecida, mas possui muita importância na luta pela independência.

"Maria Felipa era uma negra que liderou uma série de mulheres que seduziram os portugueses, fizeram com que eles ficassem embreagados e depois deram uma surra de cansanção [vegetal que provoca urtiga e sensação de queimadura ao toque com a pele] neles. Depois ela queimou as embarcações deles. Foi uma pequena batalha pontual no dia 7 de janeiro de 1823, na Ilha de Itaparica, mas que resultou em uma queda no número de soldados da tropa portuguesa", relatou Borges.

O historiador ainda conta que em outubro de 1822, um grupo liderado por Maria Felipa, formado por homens e mulheres, queimou embarcações dos portugueses, também na região de Itaparica.

Em outra região da Bahia, foram as esposas de fugitivos das tropas portuguesas que usaram a criatividade para ajudar a salvar seus maridos. As moradoras de Saubara, região que na época pertencia à Santo Amaro da Purificação, se fantasiavam para assustar os soldados e assim poder levar comida para os maridos, nos esconderijos onde se alojaram.

"Os portugueses invadiram a região. Os homens tiveram que fugir, então à noite elas se vestiam de 'careta', se fantasiavam de almas, com lençóis, e assustavam os portugueses que fugiam. Assim, elas conseguiam chegar nos esconderijos onde estavam os maridos e levavam medicamentos, comida e roupas. Elas ficaram conhecidas como caretas do mingau. No caso delas, o papel foi burlar a viliância portuguesa", conta o historiador. "O que é interessante é a esperteza e estratégia para assutar os portugueses. Pelo fato delas terem conseguido chegar aos maridos, isso ajudou a eles sobreviverem", acrescentou Borges.

Maria Quitéria (Foto: Reprodução/TV Bahia)Maria Quitéria se vestiu de homem e lutou em
batalhas (Foto: Reprodução/TV Bahia)

Outras duas mulheres que se destacaram na luta da independência foram Joana Angélica e Maria Quitéria, que acabaram ficando bastante conhecidas.

A freira Joana Angélica se destacou pela coragem ao enfrentar os portugueses. Ela foi morta ao tentar evitar a entrada deles no Convento da Lapa. Os soldados portugueses estavam em busca dos rebelados, que teriam se escondido no local.

"Já Maria Quitéria se passou por homem para participar da luta da independência. Ela vestiu a roupa do cunhado e apresentou-se ao Regimento de Artilharia com a ajuda da irmã. Maria Quitéria fugiu de casa e foi para o campo de batalha em uma época em que a mulher não tinha autonomia em qualquer campo de atuação", diz o historiador.

Dois de Julho
A história da Independência do Brasil na Bahia começou a ganhar força no início de 1822, com o desejo da Bahia de romper com a coroa, quando o rei de Portugal, D. João VI, tirou o brasileiro Manoel Guimarães do comando de Salvador, colocando em seu lugar o general português Madeira de Melo no cargo. Com isso, ele queria reforçar o poder da Coroa sobre os baianos, mas a população não aceitou pacificamente.

Os baianos foram às ruas para protestar e entraram em confronto com os soldados portugueses. Meses depois, em 12 de junho, a Câmara de Salvador tenta romper com a coroa portuguesa. O general Madeira de Melo coloca as tropas nas ruas e impede a sessão. Dois dias depois, em Santo Amaro, os vereadores declaram D. Pedro o defensor perpétuo do Brasil independente, o que significa não obedecer mais ao rei de Portugal.

No dia 25 de junho é a vez da Vila de Cachoeira romper com a Coroa portuguesa. Outras vilas seguem o exemplo. Cachoeira se torna quartel general das tropas libertadoras.

Canhões de fortes da Baía de Todos-os-Santos foram roubados para armar a improvisada frota de saveiros, que enfrentaram a esquadra de Portugal. Cercados por terra e mar, os portugueses ficam acuados em Salvador. Decidem então abandonar a cidade e fogem por mar, na madrugada do dia 2 de julho de 1823. Pela manhã, o exército brasileiro entra vitorioso na cidade, marcando a independência do Brasil na Bahia.

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