Edição do dia 15/03/2018

15/03/2018 21h35 - Atualizado em 15/03/2018 21h35

Emoção marca enterro de Anderson Gomes, motorista da vereadora

Ele trabalhava para a vereadora Marielle Franco há dois meses; estava na linha de tiro e foi atingido por três balas.

O motorista Anderson Pedro Gomes era casado, pai de um menino de 1 ano de idade.

No Instituto Médico Legal (IML), a hora de enfrentar um duro momento. Reconhecer o corpo da pessoa que se ama e saber que ela não vai estar mais presente.

“A dor, com certeza, em um momento é maior. É claro que a revolta eu sinto, mas também acaba que a gente já está imersa nisso, a gente acabou se acostumando. No final das contas é mais um. É uma frase clichê, mas é isso, e acaba que não sou só eu, são várias pessoas, então a revolta acaba ficando meio para trás porque a dor é muito maior do que perder tempo se revoltando com alguma coisa”, disse a viúva de Anderson, Ágatha Arnaus Reis.

O corpo de Anderson Pedro Gomes foi velado na Câmara dos Vereadores, e depois levado para o Cemitério de Inhaúma, onde foi enterrado.

Anderson estava na linha de tiro e foi atingido por três balas, no lado esquerdo das costas. Ele morreu dentro do carro, antes do socorro chegar.

Com 39 anos e motorista da Uber, há dois meses ele trabalhava para a vereadora Marielle Franco, substituindo o motorista oficial da parlamentar, que se acidentou. Para Anderson era um bico, um dinheiro extra que ele ganhava para ajudar na criação do filho Artur, de um ano de idade.
 
“Nosso filho nasceu com uma má formação e nós passamos percalços com o Artur. Então, as coisas fizeram com que a gente ficasse mais agarrado. Ele era um pai superamoroso, nós passamos uma barra juntos, e ele sempre ao meu lado, louco pelo filho. É difícil até pensar como vai ser ficar sem ele e explicar isso para uma criança. Fazer a criança ter uma memória do pai, é simplesmente, horrível”, conta Ágatha.

Nas redes sociais, amigos demonstraram luto e reclamaram da violência.

“Nesta quinta-feira (15) acordei com uma triste notícia, nunca imaginei que isso fosse doer tanto mas dói, dói mais a brutalidade a falta de segurança”.

Os parentes e os amigos contaram que Anderson era uma pessoa considerada de confiança pela vereadora. Educado, responsável, cuidadoso.