RIO — O Secretário de Educação Superior , Arnaldo Lima Júnior, pediu demissão após nove meses no cargo do Ministério da Educação (MEC). Ele era um dos principais auxiliares do ministro da Educação, Abraham Weintraub .
Funcionário de carreira do Ministério do Planejamento, o ex-secretário alegou, em nota, que se desliga por motivos pessoais para "abraçar um novo propósito profissional".
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"O Future-se é o que há de mais inovador na educação brasileira. O envio do Projeto de Lei para o Congresso Nacional encerrará minha missão no glorioso Ministério da Educação.", afirmou, em nota.
Arnaldo é um dos principais formuladores e defensores do Future-se, projeto que vem encontrando resistência nas universidades, e participou da formulação de políticas como o ID Estudantil, o Diploma Digital, o Novo Revalida e mudanças no Fies.
Ele deixa a função em meio a mais grave crise da pasta, com problemas no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), e pressão para que Weintraub deixe o comando da pasta.
Nesta semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou "Como que faz para o investidor olhar que o Brasil tem um ministro da Educação desse? Nosso país não tem futuro, né?".
O MEC vem sofrendo com uma debandada desde o fim do ano passado. O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Anderson Ribeiro Correia, deixou o cargo para assumir o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Dois coordenadores da área de Alfabetização do MEC, Renan Sargiani e Josiane Toledo Silva, também se afastaram. Até a principal assessora de imprensa de Weintraub, a jornalista Priscila Costa e Silva, deixou a pasta.
Future-se
O governo argumenta que o Future-se pretende aumentar a autonomia administrativa das universidades federais incentivando parcerias entre a União, as universidades e as organizações sociais.
Além disso, o programa estimularia que as instituições captassem recursos próprios, que auxiliassem na sua manutenção.
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Ele prevê ainda um a criação de um fundo privado para financiamento das federais e a inserção de OSs (Organizações Sociais) na gestão dessas instituições, atuando desde a administração financeira até o ensino.
Mais de 40 instituições federais já se posicionaram contrárias ao projeto em diversos pontos. Segundo o presidente da Andifes, a proposta "segue agredindo a autonomia universitária".
Veja a nota completa
Por motivos pessoais, desligo-me da Secretaria de Educação Superior (SESU) para abraçar um novo propósito profissional. Quando assumi a Secretaria, estava ciente da responsabilidade que resultaria desse ato, mas nunca deixei de ousar e nunca fiz nada sozinho. A SESU ajudou a criar a ID Estudantil, o Diploma Digital, o Novo Revalida e aperfeiçoar o FIES. Conseguimos alocar R$ 230 milhões para investimentos em placas fotovoltaicas e para conclusão de obras que estavam paradas ou em andamento nas universidades federais. Conseguimos 100% dos recursos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA), implementamos cinco novas universidades federais e desenvolvemos o Future-se. Esse programa é o que há de mais inovador na educação brasileira. O envio do Projeto de Lei para o Congresso Nacional encerrará minha missão no glorioso Ministério da Educação.
Nesses nove meses, muitos foram os desafios, mas pude contar com o apoio do Ministro Abraham Weintraub, do secretário executivo, Antonio Paulo Vogel de Medeiros, dos demais secretários e colaboradores do MEC e, especialmente, da Família SESU. Deixo as portas abertas, o que me traz grande alegria, e me despeço com a certeza do dever cumprido, sabendo que bons frutos serão colhidos das sementes que ajudei a plantar.
Arnaldo Lima, secretario de Educação Superior do MEC