A temporada de balanços do primeiro trimestre está em sua reta final e os resultados conhecidos até aqui já dão uma boa ideia dos impactos do novo coronavírus no desempenho das empresas.
A covid-19 foi o cisne negro de 2020, evento raro, imprevisível e de consequências gigantes na economia e nos mercados financeiros.
Vale lembrar que a covid-19 afetou apenas parcialmente os resultados do primeiro trimestre, já que o isolamento social adotado para tentar conter a disseminação do novo vírus começou apenas na segunda quinzena de março.
"Foi um trimestre um pouco atípico, a pandemia teve um impacto ainda pequeno nas empresas dado que o grosso do isolamento social aconteceu depois da segunda quinzena de março, ou seja, tivemos 1/6 do trimestre bastante prejudicado em algumas empresas, mas o restante do trimestre vinha bem", avalia Marcos Assumpção, estrategista chefe e chefe de análise do Itaú BBA, em live transmitida no Instagram do Valor Investe.
Entre as empresas que tiveram impacto mais negativo no 1º trimestre foram os varejistas de vestuários e as administradoras de shoppings, que tiveram suas atividades praticamente toda paralisada a partir de meados de março.
"São operações que têm uma margem historicamente não muito altas e uma alavancagem operacional muito alta", explica Assumpção, destacando que os custos se mantiveram estáveis nessas empresas, enquanto a receita zerou de um dia para o outro.
Os bancos, por sua vez, ainda não tiveram forte impacto em seus resultados, mas elevaram suas provisões para perdas com o aumento da inadimplência que já é esperado no setor para os próximos meses.
Isso significa que o pior está por vir?
Assumpção também analisou na live como deve ser o desempenho das empresas no futuro pós-pandemia, destacando os diferentes efeitos da crise global em cada setor, além da influência de fatores como dólar em alta e nível de exposição ao mercado doméstico e internacional.
"Vestuário deve sofrer bastante no segundo trimestre e os resultados devem ser ainda piores do que foram no primeiro trimestre. Shoppings também devem ter um resultado mais fraco", disse Assumpção.
O setor de varejo eletrônico, com empresas como Magazine Luiza, Via Varejo e B2W, deve continuar pujante, segundo o chefe de análise do Itaú BBA.
"Comprar eletronicamente pode se tornar um hábito novo em nossas vidas. Isso é uma tendência que deve continuar bastante forte", explicou.