Por G1


Veículos de comunicação formam parceria para dar transparência a dados da Covid-19

Veículos de comunicação formam parceria para dar transparência a dados da Covid-19

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), elogiou nesta segunda-feira (8) a iniciativa de veículos de comunicação de se juntarem para buscar informações sobre a pandemia da Covid-19 no país. Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia, G1, O Globo, Extra, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e UOL vão trabalhar de forma colaborativa.

Equipes desses veículos vão dividir tarefas e compartilhar as informações obtidas para que os brasileiros possam saber como está a evolução e o total de óbitos provocados pela Covid-19, além dos números consolidados de casos testados e com resultado positivo para o novo coronavírus. O balanço diário será fechado às 20h.

Desde o início da pandemia, o governo federal vem diminuindo o nível de transparência na divulgação de informações sobre a crise. Com a saída do ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, o Executivo reduziu entrevistas sobre a situação e, desde a semana passada, passou a omitir o número total de mortes no País, divulgando apenas a quantidade de óbitos nas últimas 24 horas.

Veja abaixo declarações e autoridades dadas a "O Estado de S.Paulo" sobre o lançamento da iniciativa:

"É uma excelente iniciativa. Mostra a importância da liberdade de imprensa para que nós tenhamos transparência não apenas na divulgação de dados, mas em todas as ações dos agentes públicos. Uma iniciativa fundamental, importante, e continuo esperando que o ministério volte a apresentar os dados da forma anterior, no horário anterior, para que esse tema não seja mais um tema de conflito no Brasil", afirmou Maia.

É louvável a iniciativa dos jornais. neste momento de pandemia e de incertezas, trazer a informação correta, consolidada, verdadeira, confiável, é exatamente o que a população espera, da imprensa, e precisa, como nação", disse o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre.

Dias Toffoli, ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal, disse: “A transparência é mandamento constitucional. São, portanto, bem-vindas todas as medidas que visem reforçar a transparência e ampliar as fronteiras do acesso à informação. Essa iniciativa é mais uma demonstração do trabalho de excelência realizado pela imprensa em auxiliar nas informações necessárias ao combate da pandemia.”

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também comemorou a iniciativa. “Apesar da determinação de Bolsonaro de nos colocar no padrão da ditadura do Turcomenistão, aqui, no Brasil, nós temos imprensa livre que nos reaproxima dos regimes democráticos”, afirmou.

O deputado Felipe Rigoni (PSB-ES), autor de um projeto que obriga o governo a divulgar os dados, também elogiou o consórcio dos veículos de comunicação. “Isso é muito importante porque no momento em que perdemos o rastro dos dados perdemos a capacidade de tomar decisão, que bom que temos essa parceria para nos ajudar”, disse o deputado.

“Felicito a parceria realizada entre os veículos de comunicação - O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, Extra, G1 e UOL - em coletar e divulgar os dados nacionais da evolução da Covid-19. Infelizmente, a confusão provocada por novas metodologias e atrasos na divulgação do número de mortos e de novos casos confirmados tem gerado questionamentos quanto à confiabilidade dos dados e insegurança em representantes da área de saúde. A iniciativa só reforça a importância da transparência e a relevância da imprensa em uma sociedade livre”, disse o ex-ministro da Justiça Sergio Moro

Para o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, a parceria inédita para informar os dados da Covid-19 “é uma iniciativa meritória, que evidencia a relevância dos meios de comunicação num momento grave como esse da pandemia no País”. Rech lamentou a posição do governo federal de restringir a divulgação dos dados. “O Brasil, me parece, é o único País onde é necessária uma aliança dos meios de comunicação para trazer a verdade sobre os números da doença”, afirmou o presidente da ANJ. Para ele, “é lamentável que isso ocorra por parte do governo, porque evidencia uma tentativa de esconder informações da população”. Por outro lado, “demonstra a importância da ação dos meios de comunicação na busca pela informação correta para a sociedade”.

Para Manoel Galdino, o diretor executivo da Transparência Brasil, a iniciativa da imprensa de juntar forças para divulgação de dados sobre o impacto da doença “é uma alternativa importante para a sociedade" no contexto da epidemia de coronavírus. Para Galdino, porém, “o óbvio seria pensar que essa é uma obrigação do governo”, destacou. Segundo o diretor executivo da Transparência Brasil, “o governo brasileiro está omitindo os dados e informações sobre a doença numa decisão de de caso pensado”. Para ele, a divulgação dos dados da Covid-19 “não é uma responsabilidade da imprensa, mas sim uma responsabilidade do governo federal”. Galdino afirmou ainda que a mudança na política de informação sobre a Covid-19 “faz parte de uma estratégia do governo federal que é um retrocesso claro verificado em várias áreas, como os dados sobre emprego e dificuldades para atender à Lei de Acesso à Informação”.

"O presidente da República vem adotando medidas que contrariam a Constituição Federal, a Lei de Acesso à Informação e as boas práticas de transparência pública com o objetivo de retaliar a cobertura jornalística sobre os erros de seu governo no combate à pandemia de Covid-19. Ocultar o número de mortos é a mais nova ocorrência em sua política de atacar o mensageiro para não prestar contas ao povo brasileiro. A união de toda imprensa é fundamental neste momento de degradação da democracia.", disse Marcelo Träsel, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, afirmou: "O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo condena de forma veemente a atitude do governo Bolsonaro de suspender a divulgação diária do conjunto de números referentes à evolução nacional da Covid-19. É um ato de censura e um verdadeiro crime contra a população brasileira, que tem o direito de acompanhar a realidade da doença para poder se defender dela. Consideramos positiva a atitude de veículos de comunicação que decidem somar esforços para suprir esta lacuna informativa, pois é missão do jornalismo profissional fazer todos os esforços para apurar e divulgação o conjunto de informações de interesse público a respeito da doença, neste momento de pandemia."

Paulo Jeronimo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), disse: "Na década de 1970, a ditadura militar escondeu, por meio de censura, a existência de um surto de meningite. Por isso, as famílias não foram alertadas para a epidemia, o que ocasionou grande número de mortes de crianças. Agora, diante da multiplicação de mortos pelo coronavírus, que faz do Brasil um dos recordistas mundiais nesta macabra lista, o governo Bolsonaro tenta esconder os números reais. Estamos diante de um crime. Nesse quadro, a iniciativa dos veículos de comunicação de, em conjunto, consolidar esses números e divulgá-los, tem total apoio da ABI. É uma iniciativa que honra a imprensa brasileira."

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