Por Lívia Torres, Leslie Leitão, Marco Antônio Martins e Felipe Freire, TV Globo e G1 Rio


Dinheiro apreendido pela PF em operação que prendeu suspeito de golpe pirâmide é contado

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Até 2014, Glaidson Acácio dos Santos recebia pouco mais de R$ 800 como garçom, em um restaurante chique na Orla Bardot, em Búzios, Região dos Lagos. Em 7 anos, tornou-se milionário que movimentou pelo menos R$ 2 bilhões em uma empresa suspeita de aplicar o golpe conhecido como "pirâmide" (veja mais nos vídeos acima e abaixo).

A GAS Consultoria Bitcoin, empresa de Glaidson, prometia 10% de lucro em investimentos de clientes no mercado de criptomoeadas. Segundo a investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), que levou à prisão de Glaidson nesta quarta-feira, a firma nem chegava a investir em bitcoins – os lucros eram pagos aos clientes enquanto o dinheiro de outros entrava.

Casado com a venezuelana Mirelis Diaz Zerpa, Glaidson evita aparecer em público – exceto em eventos fechados com amigos. Num deles, gravado em vídeo ao qual a TV Globo teve acesso, ele celebrou o aniversário em Angra dos Reis em fevereiro, com um show particular do cantor sertanejo João Gabriel.

Com a GAS, Glaidson conseguiu ascensão e acumulou fortuna. Em abril desse ano, mais de R$ 7 milhões foram apreendidos em Búzios, balneário vizinho a Cabo Frio. O dinheiro estava em três malas e seria levado para São Paulo por um casal que trabalha para empresa dele.

VÍDEO: Imóveis de luxo no RJ estão na mira da PF em operação contra pirâmide financeira

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Aniversário de Glaidson, em fevereiro deste ano, teve show do cantor João Gabriel — Foto: Reprodução/ TV Globo

Mansões, passeio de iate e R$ 13,8 milhões em dinheiro

A casa do empresário, em Cabo Frio, é avaliada em R$ 9 milhões, tem segurança e carros de luxo na porta.

Mas ele foi preso no Rio, em outra mansão. Lá, foram encontrados mais de R$ 13,8 milhões em dinheiro, e até barras de ouro. Um policial afirmou que não tinha visto tanta quantidade de dinheiro em espécie nem nas apreensões da Operação Lava Jato.

Além de reais, havia 100 libras esterlina, dólares e euros. Na garagem, foram achados um Porsche e uma BMW.

A GAS Consultoria Bitcoin, empresa de Glaidson, era investigada há dois anos. Em um depoimento à polícia, ele chegou a negar que mexesse com criptomoedas. Afirmou que atuava com inteligência artificial, tecnologia da informação e produção de softwares.

A aparição nas redes sociais da festa contrastava com a postura de Glaidson, que costumava manter a discrição. Ao contrário de outros investidores, ele não costumava expor os carros importados e sinais de riqueza nas redes sociais.

A GAS não tem site e nem rede social. O telefone disponível na Receita Federal também não funciona.

Glaidson Acácio dos Santos, preso na Operação Kryptos — Foto: Reprodução/TV Globo

Três malas de dinheiro, totalizando cerca de R$ 7 milhões, foram apreendidas em abril deste ano em Búzios, balneário vizinho a Cabo Frio — Foto: Reprodução/ TV Globo

Glaidson em barco — Foto: Reprodução

Mansão do suspeito fica em condomínio de luxo na Zona Oeste do Rio. — Foto: Reprodução/TV Globo

Mansão onde Glaidson foi preso fica em condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução/TV Globo

Uma BMW também foi encontrada pelos agentes federais. — Foto: Reprodução/TV Globo

O que diz a defesa

No início da tarde, na porta da Superintendência da Polícia Federal do Rio, na Praça Mauá, o advogado de Glaidson deu entrevista.

"Foi uma surpresa. Não esperávamos isso, não tínhamos conhecimento de algum tipo de procedimento ou investigação que pudesse levar a tal situação. R$ 20 milhões é uma quantia exacerbada e alta. Mas não é uma quantia que você possa afirmar que é oriunda de prática criminosa. Ganhar dinheiro, ter R$ 20 milhões em casa, isso por si só não é um crime. A partir de agora, a gente vai ver qual vai ser o caminho a seguir e traçar", disse o advogado Thiago Minagé.

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