Por G1 Rio


Hackers invadem evento judaico on line com vídeos nazistas.

Hackers invadem evento judaico on line com vídeos nazistas.

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou, nesta segunda-feira (23), um inquérito para investigar um ataque hacker contra membros da Associação Religiosa Israelita (ARI).

A invasão em uma página virtual do grupo teria ocorrido na noite do último domingo (22), quando uma reunião on-line interna, em homenagem a Dora Fraifeld, ex-diretora da escola Eliezer Max, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, teria sido violada.

Junto com símbolos nazistas e imagens de Hitler, os criminosos postaram mensagens de ofensa e ódio contra os membros da ARI:

“Vou entrar em sinagogas e matar todos para ver o sofrimento de vocês, imundos”,

“Vamos queimar a ARI”

“Morte aos nossos”

Em seguida, os invasores publicaram um vídeo com um casal fazendo sexo.

Federação indica aumento de ataques

A Federação Israelita do Rio de Janeiro (Fierj) divulgou nesta segunda-feira um comunicado em repúdio aos ataques sofridos pela ARI. Além de cobrar por investigações que responsabilizem os autores do ataque virtual, a Fierj também indicou que o número de crimes como esse está crescendo no Rio de Janeiro.

"Observamos que está acontecendo um aumento considerável desses crimes. Reforçamos que é preciso educação e conscientização para que a sociedade aceite a diversidade. Exigimos a apuração pelas autoridades competentes desse episódio que vitimou a ARI e queremos mais do que isso. Entendemos ser necessário que as autoridades desta cidade, deste estado e deste país posicionem-se contra o antissemitismo e a perseguição a minorias", dizia um trecho da nota da Fierj.

"A Fierj se solidariza com o colégio e a sinagoga pelo incidente ocorrido e no nosso entender tudo isso é devido a polarização, ao extremismo e radicalismo que existe hoje no nosso país e que nós precisamos lutar contra tudo isso. Precisamos lutar contra tudo isso. Lutar contra o preconceito, porque não é só contra a comunidade judaica. É contra as outras minorias", disse Alberto David Klein.

Deputados cobram por investigações

Em um texto publicado na internet, o deputado estadual Carlos Minc (PSB) cobrou que a Polícia Federal participe das investigações.

Segundo o parlamentar, a postura do Governo Federal ao receber políticos da extrema direita da Alemanha, com ligações com o regime Nazista, incentiva atitudes como essas.

"Não há ameaça mais sórdida do que essa. Interromper uma reza com imagens de nazistas. Vários dos participantes das cerimônias religiosas da ARI perderam parentes em campos de concentração. Eu perdi dois tios-avós cremados em fornos de campos do Hitler, na Polônia", comentou Minc.

"A Polícia Federal tem que investigar e punir. Isso é crime federal. Essas posturas do Bolsonaro, ao receber líderes nazistas, como uma dirigente de partido nazista alemão, além de ministros seus imitando Himmler, Goebbels, acabam incentivando esses nazistas asquerosos a saírem de suas tumbas, se sentindo empoderados para fazer essas ameaças desvairadas, descabidas e criminosas. Isso não pode acontecer!", completou o deputado.

O relator da CPI da Intolerância Religiosa da Alerj, o deputado Átila Nunes (MDB), informou que, segundo dados do ISP repassados para a comissão, o Estado do Rio de Janeiro registrou, em média, três casos de intolerância religiosa por dia. Em 2020, foram 1,3 mil registros no estado.

"É fundamental que a Decradi investigue a fundo a autoria dos ataques por parte de hackers nazistas que invadiram uma transmissão da sinagoga, em Botafogo, durante uma reza virtual, no fim de semana. Os hackers colocaram imagens de Hitler, suástica e soldados alemães, pedindo a morte de judeus. Um absurdo. Não podemos tolerar atos como esses", disse Átila Nunes.

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