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Por Marsílea Gombata e Anaïs Fernandes, Valor — São Paulo


A nova bandeira tarifária da “escassez hídrica”, anunciada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), deve acelerar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 8,2% neste ano, segundo o economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). A sobretaxa deve vigorar entre setembro deste ano e abril de 2022.

Nesta terça-feira, o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciaram a criação de uma nova bandeira tarifária, ainda mais cara que a vermelha 2, em vigor atualmente. A chamada bandeira da “escassez hídrica” vai custar R$ 14,20 adicionais a cada 100 kWh consumidos, contra R$ 9,49 da atual bandeira vermelha 2.

“Com a tarifa [adicional] passando de R$ 9,49 para R$ 14,20, temos um aumento de 49,63%, o que significa uma conta de energia em média 7,35% mais cara”, diz.

"Esse aumento a partir de setembro teria um impacto de 0,23 ponto percentual no IPCA.” Com isso, diz Braz, a projeção da inflação de setembro vai de 0,6% para 0,83%. Enquanto a projeção da taxa anual de inflação para 2021 passa de 7,8% para 8,2%, afirma.

Com a nova bandeira, a Armor Capital aumentou em 0,30 ponto percentual sua projeção para o IPCA em 2021. Acrescentando a isso mais 0,10 ponto percentual pela perspectiva de que o mês de agosto já seria mais pressionado, a estimativa para o fim do ano passou de 7,7% para 8,1%, segundo a economista-chefe, Andrea Damico. Já para 2022, a projeção passou de 4,2% para 4,4%, devido à “maior inércia de serviços”, diz Damico.

A AZ Quest já tinha atualizado sua projeção de IPCA em 2021 para 7,5% e, com o anúncio da nova tarifa, elevou para 7,7%. A estimativa de setembro saiu de 0,57% para 0,80%. “Em 2022, pode até ter pressão baixista, se houver uma redução da tarifa no próximo ano. Contudo, vamos manter a previsão de 3,7% para o ano que vem, com tendência altista, em virtude da incerteza em relação à evolução da crise hídrica”, diz o economista-chefe Alexandre Manoel.

Ele avalia que o aumento dado pelo governo está no sentido correto. “Estamos passando por uma crise hídrica secular, nosso modelo de despacho de energia precifica a água de maneira errada, resta ao governo tentar consertar essa subestimativa com aumento de tarifa, quando estamos em período crítico em termos de chuva”, afirma. Segundo Manoel, é “fundamental precificar a água de maneira adequada para evitar passarmos por essa tensão de iminência de racionamento ou de apagões sistemáticos toda vez que não chove ou chove menos que o esperado”.

A Quantitas já tinha incorporado o aumento de 50% às suas projeções, diz o economista-chefe Ivo Chermont, que espera um IPCA de 8% neste ano e 4% em 2022. Fábio Romão, da LCA Consultores, também já trabalhava com a hipótese de uma tarifa passando de R$ 9,49 para R$ 14,20, o que acrescentou 0,30 ponto percentual à projeção anterior da casa, que era de 7,4%. “À luz desta nova cobrança, que já colocamos no cenário, nossa projeção está em 7,7%”, afirma.

Para ele, a nova tarifa não muda, necessariamente, a taxa anual do IPCA de 2022. “Pode, evidentemente, modificar a taxa mensal esperada para o primeiro quadrimestre do ano, mas se fechar o ano (dezembro) na bandeira já projetada - a LCA, por exemplo, mantém bandeira amarela para dezembro de 2022 -, a taxa anual fica a mesma”, explica Romão, que prevê um IPCA de 4,1% para o próximo ano.

Na Renascença, a projeção para inflação neste ano foi de 7% para 7,6%. “Para 2022, por enquanto, optamos por uma alteração bem mais sutil, de 4% para 4,1%”, conta o economista César Garritano. Na análise por grupos, comparando 2022 com 2021, ele diz esperar desaceleração de alimentação e bebidas (principalmente da alimentação no domicílio), transportes (especialmente combustíveis) e habitação, com a expectativa de alguma queda da energia elétrica. “Devemos ver desaceleração dos preços de monitorados e também dos bens industriais em 2022”, acrescenta Garritano.

Além disso, a desaceleração da atividade econômica em 2022 e uma taxa de desemprego ainda em níveis elevados também devem atuar para o arrefecimento da inflação, mas Garritano pondera que no ano que vem “teremos eleições e uma série de fatores podem mexer com as variáveis macroeconômicas”.

A Neo Investimentos manteve a projeção de 2022 em 3,8%. “ Não mudou, mas poderia ter mudado um pouco pra baixo, com a volta dessas altas de bandeira”, diz o economista-chefe Luciano Sobral, que prefere esperar ainda “para ver como começa a temporada de chuva”. A estimativa para 2021 já estava em 8% desde a semana passada, quando surgiram as primeiras notícias sobre o aumento de 50% na bandeira.

A Genoa Capital promoveu esse ajuste para baixo na inflação de 2022, de 4% para 3,9%, mas elevou a estimativa de 2021 de 7,5% para 7,7%.

Lâmpada — Foto: minka2507/Pixabay
Lâmpada — Foto: minka2507/Pixabay
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