Fato ou Fake Radar

É #FAKE que Câmara aprovou aborto até 22 semanas no Brasil

Foram aprovados, na verdade, projetos que protegem a mulher vítima de violência doméstica. Sessão foi presidida por deputado evangélico e nada referente a aborto foi mantido nas proposições
É #FAKE que Câmara aprovou aborto até 22 semanas no Brasil Foto: Reprodução
É #FAKE que Câmara aprovou aborto até 22 semanas no Brasil Foto: Reprodução

RIO - Circula pelas redes sociais um cartaz com a foto do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) à frente de um boneco semelhante a um feto humano e a mensagem: "Luto. Na calada da noite Rodrigo Maia e seus comparsas aprovam o aborto até 22 semanas no Brasil." A mensagem é #FAKE.

A mensagem passou a viralizar após a aprovação, no dia 9, de projetos de lei que buscam garantir proteção às mulheres vítimas de violência doméstica durante a pandemia.

A assessoria do presidente da Câmara informa que "os PLs 1444 e 1552 foram aprovados numa sessão finalizada em torno de 21h30, não na calada da noite." Acrescenta que "não fazem qualquer referência a aborto."

Esclarece ainda que "a sessão foi toda conduzida pelo presidente Marcos Pereira (Republicanos), que é evangélico. Ele supervisionou pessoalmente as negociações e conduziu a sessão, garantindo que nada referente a aborto estivesse nas proposições."

O deputado Marcos Pereira confirmou que ele presidiu a sessão. "Quero acrescentar que eu designei a deputada Rosângela Gomes, do Rio de Janeiro, e Eli Borges, do Tocantins, para dialogar com as autoras e relatoras e quando qualquer possibilidade de aborto foi tirada. Então foi pautado e votado."

Autora do projeto 1552, a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) diz que "nunca houve nenhuma possibilidade de aborto" nos projetos aprovados.

"Ele trata exclusivamente da possibilidade de ampliar as modalidades de abrigamento para as mulheres em situação de violência no contexto da pandemia, porque só 10% das cidades brasileiras contam com algum equipamento público onde as mulheres possam ser acolhidas e a ideia é ampliar para possibilidade de hoteis e pousadas, para utilização de medidas sanitárias, o que não é previsto no protocolo atualmente. "

"Nunca houve essa possibilidade [de aborto]. O que houve, sim, foi alguma desconfiança, justamente porque bolsonaristas começaram a espalhar fake news e aí não aceitamos. Nós da bancada feminista conversamos com a bancada evangélica e a bancada católica para dirimir qualquer dúvida e explicar linha por linha para que não tivesse nenhuma desconfiança. Houve uma compreensão de que se tratava somente do tema da violência contra a mulher e nisso algumas deputadas mulheres foram muito importantes para atuar no diálogo com os pastores e bispos, destaco, por exemplo, a deputada Rosângela, que é uma deputada evangélica, que foi muito importante para dirimir qualquer dúvida", afirmou.