Por Marcela Mattos e Sara Resende, g1 e TV Globo — Brasília


Omar Aziz pede para advogado de Luciano Hang se retirar da CPI e suspende sessão após tumulto

Omar Aziz pede para advogado de Luciano Hang se retirar da CPI e suspende sessão após tumulto

O empresário bolsonarista Luciano Hang irritou a CPI da Covid ao levar placas com dizeres como: "Não me deixam falar". O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), pediu para que as placas fossem retiradas e suspendeu a sessão.

Aziz também pediu que um advogado de Hang, que se envolveu em discussão com o senador Rogério Carvalho (PT-SE), deixasse a sessão.

A sessão começou tumultuada e se manteve tensa durante todo o tempo até a suspensão.

Antes do depoimento, Omar Aziz perguntou a Hang se ele se comprometeria a dizer a verdade. A defesa do empresário, então, respondeu que ele não deveria se comprometer por estar na condição de investigado, não de testemunha.

Em sua fala inicial, Hang mostrou, com autorização de Omar, um vídeo sobre sua empresa. Senadores protestaram e argumentaram que se tratava de propaganda. Disseram também que o vídeo não tinha relação com nenhum assunto de interesse da CPI.

Aziz suspende depoimento de Hang após senadores pedirem saída de advogado

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Depois de algumas discussões entre os senadores sobre o vídeo e também sobre como deveria ser feita a sessão, a palavra passou para o relator, Renan Calheiros (MDB-AL).

Renan leu um texto em que disse que, ao longo de toda a história, governos sempre tiveram um "bobo da corte". O relator prosseguiu com as metáforas e alusões a circos. Ele falou em "malabaristas da milícia", "marionetes do crime". Por fim, disse que só restou o "globo da morte", em referência aos quase 600 mil mortos da pandemia.

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, que não costuma frequentar as sessões da CPI, saiu em defesa de Hang. Disse que Renan estava chamando o empresário de "bobo da corte". Renan disse que estava lendo um texto e que não ofendeu ninguém.

Luciano Hang mostra uma das plaquinhas que provocou tumulto na CPI — Foto: Reprodução/TV Senado

A todo momento a sessão era interrompida por algum senador. Mesmo assim, Renan conseguiu fazer três perguntas para Hang. Perguntou se o empresário tinha conta no exterior e empresas em paraísos fiscais. Hang respondeu que sim.

Renan também questionou se a empresa de Hang já havia recebido incentivos fiscais de governo. O empresário disse que a pergunta era ampla.

A pergunta seguinte foi se a empresa de Hang já havia recebido financiamento de bancos públicos. Nesse ponto, Hang não quis responder de forma direta. O relator pediu para ele ser objetivo. Senadores aliados ao governo saíram em defesa do empresário, dizendo que as respostas não podiam ser simplesmente sim ou não.

Discussão com advogado

Em meio às discussões sobre como deveriam ser feitas as perguntas ao empresário e como deveriam ser as respostas, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) se desentendeu com um dos advogados de Hang. O advogado estava mostrando uma das plaquinhas com mensagens que Hang tinha levado ao depoimento.

CPI: Rogério Carvalho diz ter sido ofendido por advogado de Luciano Hang e senadores discutem

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Senador Rogério Carvalho pede retirada do advogado de Luciano Hang de CPI

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O senador ficou irritado, elevou o tom de voz e pediu para Omar expulsar o advogado da sala.

A partir daí, o tumulto se generalizou.

Enquanto o senador Rogério Carvalho pedia a retirada do advogado, Hang, da tribuna, balançava as mãos fazendo um sinal de "menos". "Olha, está me provocando", afirmou Carvalho. "Isso é desacato, presidente", afirmou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).

O senador Jean Paul Prattes (PT-RN) criticou que Hang percebeu que tinha liberdade para falar o que quiser e fazer o que quiser.

Aziz pediu para Hang entregar para a segurança do Senado as placas que o empresário havia levado para a comissão. Nessa hora, Hang levantou uma das placas dizendo "não me deixam falar".

Em seguida, Aziz determinou a saída de um dos advogados e determinou a suspensão da sessão.

Luciano Hang na mira da CPI, do Supremo e do TSE

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