Por Marcelo Baccarini


Pequenas empresas sofrem com crédito escasso durante a pandemia

Pequenas empresas sofrem com crédito escasso durante a pandemia

Crédito bom e barato é a necessidade número 1 do pequeno empresário brasileiro para enfrentar a crise. O programa de financiamento que prometia ser a ajuda não tem se revelado suficiente para estes tempos.

O empresário Raul Duque dos Santos fez o que pode: suspendeu o contrato de trabalho dos funcionários, renegociou com fornecedores e ativou canais de venda online. “A nossa receita ficou em 10% do que a gente faturava no mesmo período do ano passado”, conta.

Raul tem cinco lojas de calçados e roupas e tinha acabado de renovar todo o estoque quando a pandemia começou. Para pagar as contas, a saída foi recorrer a linhas de crédito. Uma delas foi o Pronampe, um programa do Governo Federal destinado ao fortalecimento de pequenos negócios.

Para o Raul, o principal diferencial nessa linha de crédito foi que não houve necessidade de garantia. No Pronampe, a taxa de juros máxima é de 1,25% ao ano, mais a Selic e a empresa pode tomar empréstimos de até 30% da receita bruta anual em 2019.

“Essa linha foi limitada, acabou muito rápido nos bancos. Na hora que a gente precisava, a gente fala que parecia uma compra de ingresso de show, porque toda hora ficava caindo o site e a gente não conseguia fazer a operação”, conta o empresário.

Os recursos iniciais se esgotaram em apenas um mês. O governo estuda aumentar o programa. Raul conseguiu o empréstimo, mas apenas 10% do faturamento do ano passado. Mesmo assim, pode se considerar parte de uma minoria.

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), feito por Rodolpho Tobler, mostra que 64% das empresas que foram no mercado atrás de crédito e não conseguiram são pequenas. Esse índice cai para 5% quando a empresa é grande. Ou seja, o dinheiro não está chegando a quem mais precisa. Segundo o estudo, as maiores dificuldades do pequeno empresário estão na burocracia e nas exigências bancárias.

A economista Juliana Damasceno afirma que embora o fundo garantidor do governo banque 85% da operação no caso do Pronampe, nem isso não está sendo suficiente. “O principal gargalo não é o volume de crédito em si, mas sim a forma de propagação desse crédito no sistema financeiro, principalmente por causa da atuação das instituições privadas, que hoje em dia têm tido uma certa relutância pra assumir os riscos envolvidos nessa contratação de crédito”, explica.

Os empréstimos que o Raul fez somam R$ 840 mil – R$ 500 mil vieram do Pronampe. Com o dinheiro, pagou despesas fixas e fornecedores. Mas agora, ele pode ficar sem fôlego de novo. Em junho, o empresário abriu as portas, mas o movimento ainda está fraco. Só que agora, além das contas do negócio, ele ainda tem uma dívida para pagar.

“Assusta se eu vou conseguir pagar isso, se as nossas vendas vão voltar. A expectativa do varejo é como vai ser esse Natal. Se esse Natal for ruim, vai ser ruim pros varejistas e a quebradeira vai ser muito ruim depois”, afirma Raul.

Para Juliana, a lenta retomada da economia exige novas medidas de apoio aos pequenos empresários. “Uma das saídas, assim como foi feito em diversos outros países durante a pandemia, é a União garantir 100% do risco do crédito”, diz.

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