• Paulo Gratão
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Raíssa e Dedma Testa durante uma das aulas demonstrativas (Foto: Divulgação)

Raíssa e Dedma Testa durante uma das aulas demonstrativas (Foto: Divulgação)

Com o fechamento das academias de ginástica, por conta do novo coronavírus muitas empresas do ramo, como o Gympass e a Smart Fit, levaram as aulas para o ambiente digital, inclusive com transmissões ao vivo no Instagram. Musculação e, principalmente, exercícios aeróbicos podem ser feitos com o que o cliente tiver à mão, sem muita elaboração.

Henrique Testa, fundador da rede de franquias LifeCirco, sabia que teria que fazer alguma coisa durante a quarentena, mas suas aulas são diferentes das academias convencionais, pois usam técnicas circenses. Em conversas com os franqueados, ele chegou à conclusão de que poderia seguir os passos das academias tradicionais e ainda estimular a criatividade do aluno. “Se eu pegar um fio eu consigo desenvolver uma aula de corda, por exemplo. Várias atividades podem ser feitas com o material adaptado para a realidade de um apartamento ou de uma casa pequena.”

Henrique Testa, da Lifecirco: demanda dos clientes fez com que ele transformasse uma academia tradicional em escola de artes circenses (Foto: Kátia Lessa)

Henrique Testa, da Lifecirco: demanda dos clientes fez com que ele transformasse uma academia tradicional em escola de artes circenses (Foto: Kátia Lessa)

Além de usar fios, ele também adapta os exercícios para que o aluno realize acrobacias em sofás, cadeiras ou utilize meias antigas e até mesmo frutas. "Hoje mesmo demos uma aula de malabarismo com frutas, usamos também uma meia-calça com uma fruta dentro para fazer o swing, que é um movimento de giro com o objeto próximo ao corpo. Fizemos também algumas de equilibrismo com bolas de pilates ou de futebol. Estamos colocando as atividades terrestes em prática. As aéreas fica um pouco mais dificil, não posso pedir para se pendurarem na cortina de casa, por exemplo", brinca.

Assim, as aulas têm sido ministradas nos respectivos perfis de cada unidade própria ou franqueada e não na conta da franqueadora. Ele não pretende institucionalizar as ações, pois cada franqueado conhece seu próprio público e pode gerar um novo alcance local, uma vez que as aulas são gratuitas e abertas para todos os seguidores. “Nosso primeiro objetivo com isso é dar um amparo para o cliente, fazê-lo se movimentar nesse momento tão difícil, mas também fazê-lo relembrar que a marca existe, que o negócio estará ali quando tudo se normalizar.” 

Ele já tem traçada uma estratégia para criar desafios que envolvam adultos e crianças em redes sociais como Instagram para trazer mais público. A dinâmica será divulgada ainda nesta semana e prevê postagens com hashtags específicas, a exemplo do que empresas internacionais têm feito no TikTok.

Smartphone é aliado, mas pode se tornar concorrente
Testa sabe que essa medida tem prazo de validade, afinal não ajudará a trazer retornos financeiros para o caixa dos franqueados se a quarentena se prolongar. Dessa forma, ele já tem traçados alguns planos de ação, como a possibilidade de cobrar valores simbólicos pelas aulas, no futuro.

Testa conta que até mesmo o território virtual tem se tornado extremamente competitivo. Basta abrir o aplicativo do Instagram e contar quantos perfis estão ao vivo ao mesmo tempo, por exemplo. As franquias da LifeCirco precisam encontrar horários alternativos para ministrar as aulas e têm se deparado com as portas virtuais fechadas em determinados períodos, com a recomendação da plataforma de que retome a live em outro momento.

A afirmação do empreendedor é endossada pelas notícias de que empresas de internet, como o Facebook, têm reduzido a qualidade do streaming na América Latina. De acordo com matéria da Reuters, a ação também aconteceu na Europa e tem como objetivo garantir que todos possam continuar conectados durante o período de isolamento.

“O celular é um concorrente enorme nosso. A pessoa pode buscar um outro tipo de lazer, se não fizermos nada vamos cair no esquecimento. Nas nossas conferências, temos falado que precisamos tentar enxergar a situação como uma forma de trazer benefícios para nós”, explica.

Apoie o negócio local (Foto: Editora Globo)