O presidente Jair Bolsonaro disse hoje que "tem secretário querendo fazer valer a sua vontade", em referência às demissões de quatro auxiliares do ministro da Economia, Paulo Guedes. A declaração foi dada na live das quintas-feiras nas redes sociais. Antes, à rede CNN, Bolsonaro disse que Guedes permanece no governo e que a prioridade agora é dar continuidade à agenda de reformas no Congresso.
O secretário especial do Tesouro e do Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro, Jeferson Bittencourt, pediram demissão na tarde de hoje diante de políticas que apontam para a ruptura do teto de gastos. Além deles, vão deixar a equipe econômica o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo, e a secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas.
Em sua "live" semanal nas redes sociais, Bolsonaro comentou a alta dos combustíveis e a ajuda de R$ 400 que pretende dar aos caminhoneiros.
"Alguns não queriam na equipe econômica. Dá um auxílio para os caminhoneiros. Isso é muito? Isso é pouco? É o possível no momento. Isso dá mais de R$ 3 bilhões ao longo do ano", disse Bolsonaro. "Tem secretário que quer fazer valer a sua vontade. O ministro deu a sua decisão. Vamos gastar dentro do teto, que as reformas continuam", disse o presidente em referência às reformas tributária e administrativa. As propostas estão em debate no Congresso, mas sem data prevista de votação.
Mercado "nervosinho"
Bolsonaro disse na live que o mercado fica "nervosinho" e que os agentes do mercado também serão prejudicados se "explodirem a economia do Brasil".
"Vai ter novos reajuste de combustíveis? Certamente teremos. Por que eu vou negar isso daí? Estamos buscando uma solução. Um auxílio de R$ 400 para caminhoneiros, que vai estar abaixo de R$ 4 bilhões por ano, dentro do Orçamento", disse o presidente. "Aí fica o mercado nervosinho. Se vocês explodirem a economia do Brasil, pessoal do mercado, vocês vão ser prejudicados também."
Teto de gastos
O mandatário brasileiro disse, porém, que cumprirá o teto de gastos, embora, nos bastidores, ministros admitam que ele será rompido.
"Nós queremos manter o teto de gastos porque não queremos o desequilíbrio das finanças no Brasil"", afirmou.
Bolsonaro comentou ainda o reajuste que dará ao Auxílio Brasil, que substituirá o Bolsa Família. "Nós vamos levar todos para no mínimo R$ 400. Tem espaço no Orçamento. E por que isso? Porque a inflação dos alimentos veio pesada no mundo todo, no Brasil também. O auxílio Brasil tem que ser algo que dê para o cara ali comprar os seus mantimentos. Ou parte dos seus mantimentos", afirmou.
Apesar da fala do presidente, pelos planos do governo, o teto comporta um benefício de R$ 300. Para conceder mais R$ 100, a regra terá que ser burlada.