Três dias após o presidente Jair Bolsonaro fazer uma apresentação para embaixadores com acusações falsas contra o sistema eleitoral brasileiro, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou nesta quinta-feira confiar nas urnas eletrônicas. Por outro lado, Nogueira não descartou a possibilidade de uma fraude e disse que Bolsonaro tem o "direito" de questionar a segurança das urnas.
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— É um direito do presidente fazer essas manifestações. Eu mesmo sou uma pessoa que acredita nas urnas brasileiras. Não quer dizer que elas não podem ser fraudadas. Todo dia são milhares de hackers, o tempo todo. Veja o quanto os bancos gastam em segurança cibernética. E mesmo assim tem fraude. Então acho que tem que ter um aprimoramento — disse o ministro, em entrevista ao SBT News.
Nunca houve registro de fraudes nas eleições brasileiras desde que as urnas eletrônicas foram implantadas, em 1996. Após as declarações de Bolsonaro, diversas entidades defenderam o sistema eleitoral brasileiro, incluindo associações da Polícia Federal, do Ministério Público e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
As urnas brasileiras, embora sejam eletrônicas, também funcionam de forma isolada, sem mecanismos que possibilitem sua conexão a redes de computadores, como a internet, impedindo assim interferências no processo de votação. Além disso, é permitido checar e auditar os softwares de totalização dos votos. Depois da votação, também pode-se conferir os dados no Boletim de Urna.
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Na entrevista, Nogueira afirmou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deveria discutir as sugestões apresentadas pelo Ministério da Defesa, mas disse que essa discussão "não é o mais importante".
— Vamos discutir as sugestões, se são úteis, se não são úteis. Acho que falta diálogo, falta um pouco de bom senso. Mas isso não é o mais importante. Acho que essas discussões que o presidente às vezes traz à tona não atrapalham o governo, as ações estão acontecendo.