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Maioria dos partidos se posiciona como de Centro. Veja quem sobra no campo da Direita e da Esquerda

por Fábio Vasconcellos

Na reportagem que produzimos sobre o posicionamento dos partidos brasileiros, uma pergunta finalizava o questinário enviado para a direção nacional das 35 atuais legendas: em qual posição política o partido se colocaria? As respostas, posicionadas numa escala em que 1 representava o máximo à esquerda e 5 o máximo à direta, foram aqui reorganizadas com as denominações: Esquerda, Centro-Esquerda, Centro, Centro-Direita e Direita.

Os resultados indicam algo interessante. Embora tenha sido apontado como o Congresso eleito mais conservador de todos os tempos, o posicionamento ideológico dos partidos, pelos menos em tese, aponta em outra direção. Dos 35 partidos consultados, oito se recusaram a responder o questionário integralmente (PSDB, Rede, PTB, PCdoB, PMN, PRTB, PR e Solidariedade). O PMDB respondeu apenas a pergunta sobre a posição ideológica, e o DEM apenas seis das 15 enviadas.

Pelos dados, 13 (48%) dos 27 partidos que responderam sobre o posicionamento ideológico se declararam como sendo de Centro. Outros 10 (38%) se posicionaram no campo da Esquerda no espectro ideológico. O campo da Direita tem apenas quatro partidos, ou seja, 15% do total de legendas que responderam ao questionário. 

Divisão ideológica dos partidos

Esses dados, contudo, esconderam um detalhe: alguns partidos que participaram do pesquisa não têm representação no Congresso (atualmente, das 35 legendas existentes, 28 têm representação). Dessa forma, a melhor maneira de descobrir a composição da atual Câmara é considerar a soma dos deputados dos partidos que responderam ao questionário.

Se levamos em conta o total das bancadas, a distribuição apenas dos partidos com representação na Câmara fica a seguinte: 162 (31%) da Câmara seria formada por deputados de partidos que se autoposicionaram de Centro; 142 (28%) de Esquerda (incluído aí o PCdoB que já se posicionou como partido de esquerda), e 83 (16%) deputados formam o bloco da Direita. A soma desses três grupos totaliza 387 deputados, ou seja, 75% da Câmara, já que as demais legendas não responderam à pergunta sobre posicionamento ideológico.

O posicionamento de Centro tende a ser aquela mais confortável para os partidos porque não revela de antemão concepções de mundo que, normalmente, deveriam se vincular às decisões futuras das legendas. São decisões que, em tese, dependeriam mais da conjuntura de cada discussão na Câmara.

Por outro lado, nem sempre o posicionamento à direta ou à esquerda representa uma relação direta entre decisões políticas e visão de mundo das legendas. Isso ocorre porque, quase sempre, muitos deputados tendem a votar diferente da orientação das suas bancadas. São parlamentares que procuram observar mais interesses locais ou pessoais e os custos eleitorais da sua decisão. A exceção, contudo, são os partidos em que há maior unidade em torno da orientação ideológica da legenda.

No questionário repassado a todos os partidos e que os leitores também puderam responder para descobrir a sua taxa de identificação com as legendas, havia perguntas sobre diversos temas, como aborto, posse de armas, relação entre o estado e as empresas entre outras. Em outras publicações vamos analisar os resultados da pesquisa respondida pelos eleitores e outras perguntas enviadas aos partidos.

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