Política CPI da Covid

CPI da Covid ouve nesta terça sócio da VTC Log, suspeita de favorecimento em contratos com o Ministério da Saúde

Empresa teria sido beneficiada na gestão do ex-ministro Ricardo Barros, líder do governo na Camara
Sessão da CPI da Covid no Senado 30/09/2021 Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
Sessão da CPI da Covid no Senado 30/09/2021 Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

BRASÍLIA — A CPI da Covid deve ouvir nesta terça-feira Raimundo Nonato Brasil, sócio da VTC Log. A empresa de logística, encarregada do transporte de medicamentos e vacinas, é investigada por suspeita de corrupção e sobrepreço em contrato com o Ministério da Saúde.

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Nonato Brasil foi escolhido para depor após Carlos Alberto Sá, principal responsável e dono da empresa, encaminhar à comissão um atestado em que alega não poder dar depoimento por estar tratando um câncer. Mesmo com sua substituição por Nonato Brasil, Andreia Lima, presidente da VTC Log, procurou senadores na semana passada para tentar cancelar a oitiva, mas não teve sucesso.

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A empresa utilizava saques em dinheiro para quitar boletos cuja finalidade é investigada pela CPI. O motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva foi ouvido na comissão e admitiu que chegou a retirar mais de R$ 400 mil de uma só vez para pagar contas pela firma. O funcionário sacou quase R$ 5 milhões em quantias fracionadas. Senadores da colegiado querem questionar Nonato sobre esses pagamentos.

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A CPI encontrou pagamentos de boletos de R$ 47 mil em nome do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias. Como mostrou O GLOBO, boletos emitidos pela agência de viagens Voetur Turismo em nome de Dias foram quitados 11 dias depois de uma manobra que transferiu um contrato milionário da VTC Log para a área que ele comandava na pasta. A Voetur Turismo e a VTC Log pertencem ao mesmo grupo empresarial.

A cúpula da CPI reconhece que há pontas soltas em relação à investigação sobre a VTC Log, favorecida com contratos principalmente durante a gestão de Ricardo Barros (PP-PR), atual líder do governo na Câmara dos Deputados, como ministro da Saúde. De 2016 a 2018, com Barros à frente da pasta, os contratos da VTC Log aumentaram.

Em setembro, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a suspensão de um aditivo do contrato da VTC Log com o ministério. O valor contratado é de R$ 114 milhões anuais. Com o aditivo, haveria um aumento de R$ 19 milhões só pela mudança na forma de cálculo do transporte dos produtos. O ministro Benjamin Zymler atendeu a um pedido dos senadores Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Os parlamentares apontaram que a VTC Log mudou a forma de medir os itens do contrato, “resultando em possibilidade de pagamento imediato de quase R$ 19 milhões”, em uma possível fraude.