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Por Bruno Alfano e Paula Ferreira — De São Paulo


Mesa que debateu “Paulo Freire no século XXI”: para educadores, seu método incomoda porque faz com que as pessoas reflitam sobre a própria cidadania, processo que está na gênese da educação — Foto: Leo Pinheiro/Valor
Mesa que debateu “Paulo Freire no século XXI”: para educadores, seu método incomoda porque faz com que as pessoas reflitam sobre a própria cidadania, processo que está na gênese da educação — Foto: Leo Pinheiro/Valor

Em homenagem ao centenário de Paulo Freire, celebrado ontem, especialistas discutiram o legado do educador pernambucano no debate “Paulo Freire no século XXI”. Mais de 50 anos depois da publicação de “Pedagogia do Oprimido”, sua obra decisiva, os educadores acreditam que seus pensamentos são muito relevantes neste momento e ainda serão no pós-pandemia.

A fundadora e diretora executiva do Vozes da Educação, Carolina Campos, afirmou que os pilares da filosofia de Freire serão fundamentais para a retomada das atividades presenciais, principalmente porque a pandemia afetou o processo de alfabetização das crianças. “Após uma pandemia que assolou o planeta, talvez a gente só precise de mais humanidade. Acredito que precisamos muito mais de Paulo Freire agora do que se imaginava. É necessário colocá-lo no espaço devido de um humanista e educador. Uma pessoa que entendeu que primeiro a gente precisa comer e não passar fome, para depois conseguir estudar”, explicou a educadora, que lembrou do trabalho de alfabetização de jovens e adultos realizado por Freire na cidade de Angicos (RN), quando os alunos foram alfabetizados em 40 horas. “Eles passaram a entender quanto media o lote onde moravam, quanto custavam as verduras, quanto podiam gastar em relação ao que recebiam, o valor do salário. Seu método incomoda porque faz com que as pessoas reflitam sobre a própria cidadania. É a gênese da educação.”

Além da pandemia, o contexto é de desafios relacionados à política educacional defendida pelo governo. Mais um fator que reforça a relevância dos ensinamentos de Freire, disse Fabio Campos, educador e pesquisador da New York University, nos Estados Unidos. “As ideias de Freire incomodam a escola tradicional da zona sul do Rio, a escola tradicional de Tucson, no Arizona, as universidades. Por que incomoda dizer que o aluno tem que se emancipar? Que a educação dele não é só para passar no vestibular? Que ele pode e deve ser capaz de ser crítico na escola? Será que a escola tem que ser sem partido, apolítica ou neutra? É quando Paulo Freire ‘causa confusão’ que vejo o quanto ele é atual”, disse Campos, que defende que os professores debatam abertamente com os estudantes as questões sociais que chegam à sala de aula. “Freire falava que essa escola paralela deve entrar na escola tradicional. Acho que hoje é mais necessário dar ao aluno fluência crítica em relação às mídias e a essas escolas paralelas que entram na nossa escola.”

Para Carlos Rodrigues Brandão, antropólogo e professor da Unicamp, a estrutura arcaica enfrentada pelo educador na década de 60 se sofisticou. “Se ele esbravejava contra uma educação bancária nos anos 1960, temos agora uma educação neocapitalista mais armada e muito mais preparada”, afirmou Brandão, que criticou o que enxerga no governo atual como “militarização que remete ao século XVIII”. “Do ponto de vista do capitalismo, não só a soja e o petróleo são mercadorias. A educação foi transformada em mercadoria de uma forma oficial.

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