Cultura

Morre a atriz Françoise Forton, aos 64 anos, no Rio

Com mais de 50 anos de carreira, ela lutava contra um câncer

Françoise Forton celebra os 45 anos de carreira
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Divulgação/Moscow
Françoise Forton celebra os 45 anos de carreira Foto: / Divulgação/Moscow

Morreu neste domingo, 16, aos 64 anos, no Rio, a atriz Françoise Forton, em decorrência de um câncer. Ela estava internada há quatro meses na Clínica São Vicente, na Gávea. Em 1989, quando gravava  a novela"Tieta", ela havia sido diagnosticada com um câncer de colo de útero. Seu último trabalho na televisão foi "Amor sem igual" (2019). Ela deixa o marido, o produtor teatral Eduardo Barata, e o filho Guilherme Forton Viotti. O velório será na segunda-feira, 17, das 10h às 14h, no Teatro Tablado, no Jardim Botânico. A cremação será no Cemitério da Penitência, das 15h às 16h15, no Caju.

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Filha de um francês e uma brasileira, Françoise Forton atuou quase a vida inteira, brilhando em todos os registros, dos palcos à TV, da comédia ao drama, passando pelo musical. Aos 11 anos, já subia ao palco, ao lado de lendas como Glauce Rocha, Darlene Glória e Jorge Dória, na montagem de “Os pais abstratos”. Nascida no Rio em 1957, ela passou a infância e adolescência em Brasília, onde atuou em clássicos infantis no Grupo Teatro Equipe de Brasília (TEB). Além de atriz, era formada em ballet clássico, estudou música e cursou na Royal Academy of Dance de Londres. Estudou ainda canto lírico e canto popular.

Françoise Forton e Maria Della Costa na época da novela Estupido Cupido em 1976 Foto: Arquivo
Françoise Forton e Maria Della Costa na época da novela Estupido Cupido em 1976 Foto: Arquivo

Em 1969, teve um pequeno papel na novela “A última valsa”. Logo em seguida, foi uma das protagonistas do longa “Marcelo Zona Sul” (1970), de Xavier de Oliveira, contracenando com Stepan Nercessian, sobre o cotidiano da juventude carioca dos anos 1960. No cinema fez ainda longas como “Jardim de Alah” (1988), de David Neves, e “Coração de cowboy” (2018), de Gui Pereira.

— Ela foi uma atriz de carreira extensa e diversa, que via o mundo de outra forma — diz Tadeu Aguiar, que contracenou com ela no espetáculo “Nós sempre teremos Paris”, de Artur Xexéo. — Sem vaidades, sempre gentil, nunca alterava a voz. Se pedia para montar cenário, ela topava. E também uma empreendedora, produzia peças. Ela viveu sua vida para arte e era uma delícia trabalhar com ela.

Ao completar 18 anos, Françoise decidiu deixar Brasília e mudou-se para o Rio, vivendo sob a tutela de Glauce Rocha. Nos anos 1970, ela emendou uma sólida sequência de trabalhos na TV. Foi a namorada de Tuco (então interpretado por Luiz Armando Queiroz) no seriado “A grande família”. Foi ainda a Virgínia de “Cuca legal” e a Marisa de “O grito”. Com “Estúpido cupido”, ganhou a sua primeira protagonista em uma novela: a normalista Maria Tereza, que vivia na pequena Albuquerque e sonhava ser Miss Brasil. Foi também a última novela produzida em preto-e-branco.

— Um mês depois da novela estrear já era um sucesso enorme, não podia andar na rua — disse ela em uma entrevista ao GLOBO em 2014, quando completou 45 anos de carreira. — A Tetê, minha personagem, até hoje é falada pelas pessoas. Se eu vou a uma festa, invariavelmente toca ‘Estúpido cupido’ e as pessoas me olham.

Françoise Forton é Maria Tereza, uma moça que queria ser Miss Brasil, agora na maturidade na peça 'Estúpido cupido' Foto: Divulgação/Ricardo Brajterman
Françoise Forton é Maria Tereza, uma moça que queria ser Miss Brasil, agora na maturidade na peça 'Estúpido cupido' Foto: Divulgação/Ricardo Brajterman

O sucesso foi tamanho que, em 2015, a novela acabou virando musical — com Françoise em cena. O texto assinado por Flavio Marinho transpunha a trama para o século XXI, quando Maria Tereza já era uma ex-miss, convertida em atriz de sucesso e apresentadora de TV.

Em 1983, assinou com a Band e fez a novela “Sabor de mel” e a série “Casa de Irene”. Na volta à Globo, em 1988, esteve em “Bebê a bordo”, “Meu bem, meu mal”, “Sonho meu”, “Anjo de mim” e “Por amor”. Outro papel marcante foi a vilã Eugênia, de “Explode coração”, novela que inaugurou o Projac.

Após uma passagem pelo SBT no início dos anos 2000, Françoise retornou à Globo em 2013 com “Amor à vida”. Também participou de programas como “Dança dos famosos” (2015) e “Super chefe celebridades” (2018). Seu último trabalho na televisão foi “Amor sem igual” (2019), na Record.