Por Brenda Bento, g1 Santos


Violinista de 37 anos alega ter sido chamado de vagabundo por segurança de shopping em Santos, SP — Foto: Reprodução/Facebook

O violinista Robson Moreira Peres, de 37 anos, afirma que foi xingado de vagabundo, na tarde de quinta-feira (16), pela segurança de um shopping no bairro Gonzaga, em Santos, no litoral de São Paulo, enquanto se preparava para fazer suas apresentações na rua. Ao g1, o músico disse que, além da ofensa, ela informou que ele não poderia ficar ali, pois a calçada é do centro comercial.

"Ela falou que eu não poderia tocar ali. Aí, falei que toco ali há oito anos, que vou sempre, e ela falou que eu não ia tocar ali, e que não pode mais, nem eu e nem outra pessoa. Tenho alguns amigos que tocam ali, também. Eu pedi desculpa, mas falei que conheço meus direitos, que a calçada é pública. Teve uma reunião com a Guarda Civil Municipal, junto com o Conselho de Cultura de Santos, onde foi estipulado que a gente poderia trabalhar com as seguintes condições: sem atrapalhar ninguém e sem fazer muito barulho", explica.

O músico diz que, em seguida, tentou explicar para a segurança que não estava fazendo barulho, que estava trabalhando. "Aí, ela falou 'vou chamar a polícia, seu vagabundo'. Ela começou a tirar foto, filmar, e ficou brava porque o pessoal começou a jogar dinheiro. Passou a Guarda Civil Municipal e ela começou a gritar. Eles pararam, ela atravessou a rua, foi lá e apontou para mim. Ela foi grosseira, não é a primeira vez que me expulsa. A calçada é pública, não é de nenhuma loja", desabafa.

"Eu queria que as pessoas dessem mais valor e tivessem uma compreensão maior, entendessem o motivo de eu estar tocando ali. Muita gente acha que não trabalho, mas eu sou artista. A minha avó me falou que artista tem que estar onde o povo está. E qual lugar cabe mais gente que na rua? Então, quem está passando ali, e quiser, vai parar, comprar meu livro, conversar comigo, perguntar sobre minhas músicas", disse.

Robson reitera que está ali trabalhando, e que não é vagabundo. "Eu tenho duas faculdades, tenho dois CDs, fui campeão do mundo de arte na rua, toquei na Austrália por causa da arte de rua, não é uma coisa que a gente vai lá para fazer bagunça. A gente quer trabalhar, tocar, somos artistas de rua, estamos fazendo um bem social, e vem uma pessoa dessas fazer isso com a gente? Esse negócio de as lojas acharem que as calçadas são delas tem que acabar. Ela não reclamou por causa do barulho, falou que a calçada é do shopping, e que eu não podia tocar ali", complementa.

"Eu já fiz vários shows, apresentações, toquei em bancas, duetos, orquestras. Sou pai de família, tenho um filho autista, vou ter outro filho agora. A rua é uma vitrine, a partir disso chegam festas, casamentos e aniversários para tocar. Sou escritor, já publiquei dois livros, vendo meus livros", afirma.

Violinista também vende os livros que escreveu nas ruas de Santos, SP — Foto: Reprodução/Facebook

Artista pede respeito

Para Robson, as pessoas precisam respeitar mais. "O que falta é o respeito entre as pessoas, para qualquer pessoa. Não pode sair destratando as pessoas por causa de nada, seja o artista, o morador de rua, o vizinho", diz

"Sempre vai ter alguém para reclamar, que acha que a gente não trabalha, acha que a gente é vagabundo. Eu tenho duas faculdades [pedagogia e música], meus livros escrevi com base teórica, estudei para escrever. Quero continuar tocando, gostaria muito de achar alguém que pudesse patrocinar minha vontade de tocar nas escolas, dar palestras sobre música, literatura. Quero dar aulas, ter o meu projeto social, mas não tenho recursos para isso. Abrir uma escola de música, com vários instrumentos em um local de vulnerabilidade social".

Posicionamentos

Em nota, o Shopping Miramar informou que está apurando o ocorrido junto à equipe de segurança, e salientou que qualquer conduta que fira a honra de pessoas é veementemente desaprovada.

Também em nota, a Prefeitura de Santos afirmou que, em relação às apresentações musicais nas calçadas, os funcionários particulares não têm poder para limitar o uso do passeio público. Nesse caso, o proprietário do estabelecimento deve oficializar denúncia de eventual irregularidade por meio da Ouvidoria Pública, pelo telefone 162, para o registro da reclamação, e então a fiscalização de posturas da Secretaria de Finanças verificará se a atividade do artista na via pública é regular ou não.

Artista de rua alega ter sido chamado de vagabundo por segurança de shopping em Santos, SP — Foto: Reprodução/Facebook

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