CoronaVírus

Por Louise Queiroga, O Globo

Circula nas redes sociais uma recomendação atribuída a Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), para não haver Carnaval em 2022 no Brasil. É #FAKE.

— Foto: G1

Não foi divulgada qualquer declaração de Tedros a respeito deste evento para o próximo ano.

"Presidente da OMS não recomenda Carnaval em 2022. E agora? Como ficam políticos, juízes, mídia e empresários mortadelas que afirmaram ser crime de genocídio não seguir o determinado pela OMS?", afirma a mensagem falsa, contendo ainda um link de vídeo para um canal no YouTube com mais de 7 mil inscritos.

Em 4 de novembro, a OMS divulgou em seu site uma lista de mensagens-chave com oito pontos para orientar os países na realização de eventos com aglomeração. A primeira versão deste documento foi publicada em 14 de fevereiro de 2020. Não constam menções ao Brasil ou ao carnaval no conteúdo.

"O objetivo deste documento é fornecer orientação aos governos anfitriões, autoridades de saúde e organizadores de eventos nacionais ou internacionais sobre a tomada de decisões relacionadas à realização de reuniões em massa no contexto da pandemia da Covid-19 e sobre a redução dos riscos de SARS-CoV-2, transmissão e pressão sobre os sistemas de saúde associadas a tais eventos, por meio de medidas de precaução específicas."

As principais recomendações são:

  1. O processo de tomada de decisão para a realização de eventos em massa durante a pandemia da Covid-19 deve sempre contar com uma abordagem baseada no risco, focada na avaliação, mitigação e comunicação do risco
  2. A avaliação de risco visa a identificar e quantificar o risco a priori inerente ao evento e seu contexto, antes da aplicação de medidas cautelares, tanto em termos de transmissão do SARS-CoV-2 quanto de desgaste na capacidade do serviço de saúde
  3. A mitigação de risco envolve a aplicação de medidas de precaução para reduzir o risco de transmissão de SARS-CoV-2 e a probabilidade de que os serviços de saúde sejam prejudicados pelo evento - Medidas de precaução são aplicadas antes, durante e após o evento; elas modificam as características do evento ou enfocam o fortalecimento da preparação e resposta ao risco
  4. A comunicação do risco consiste na divulgação de informação sobre as medidas cautelares aplicadas, a sua justificativa e finalidade, e como foram adotadas, com o objetivo de assegurar o elevado cumprimento das normas e regulamentos entre os participantes.
  5. A alta densidade e mobilidade de participantes associadas a reuniões de massa representam um ambiente propício para interações próximas, prolongadas e frequentes entre as pessoas; esses fatores podem acarretar um maior risco de transmissão do SARS-CoV-2 e uma potencial interrupção das capacidades de resposta do sistema de saúde se um grande número de pessoas for afetado
  6. As reuniões em massa nunca devem ser deixadas sem gerenciamento ou mal administradas, independentemente de seu tamanho, tipo e nível de risco associado. O risco zero não existe
  7. Os participantes de reuniões em massa devem sempre ser lembrados de aplicar a responsabilidade em nível individual e um forte senso de civismo
  8. A OMS não está autorizada para tomar, fazer cumprir ou sancionar decisões relacionadas com a realização, modificação, adiamento ou cancelamento de reuniões em massa

Sobre o carnaval no Brasil, quem mencionou o evento foi a diretora-geral assistente da OMS para Acesso a Medicamentos, Mariângela Simão. Na segunda-feira (22), ela afirmou que o mundo está entrando em uma quarta onda de casos de Covid-19 e que, apesar dos dados atualmente positivos, o Brasil não pode relaxar no controle da doença. "Me preocupa bastante quando vejo no Brasil que tem discussão sobre a abertura do carnaval. Isso é realmente uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão comunitária. Precisamos planejar já as ações para 2022", disse Simão, na abertura no Congresso Brasileiro de Epidemiologia.

Para a diretora, é preciso apoiar "reaberturas seguras", com gerenciamento de risco adaptado a cada contexto local. E foi nesta avaliação que a diretora fez o alerta sobre sua preocupação com a folia nas cidades brasileiras.

É #FAKE que diretor-geral da OMS fez recomendação para o Brasil não festejar o carnaval em 2022 — Foto: Reprodução

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