• Maria Clara Vieira
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Com a experiência de vida de quem cresceu assistindo os pais trabalharem como vendedores ambulantes, Giulliano Puga comanda a marca de moda streetwear Labellamafia desde 2007. A empresa catarinense, prestes a comemorar 15 anos de existência, atingiu R$ 150 milhões em vendas em 2021. Para 2022, o empreendedor prevê crescer ainda mais e estima vender cerca de R$ 200 milhões. "Comecei vendendo roupas na praia, como camelô, em Florianópolis. Hoje estamos em mais de mil pontos de venda no Brasil e em 40 países", diz Puga.

Labellamafia: marca de streetwear atinge R$ 150 milhões em vendas em 2021 (Foto: Divulgação)

Dezessete franquias da Labellamafia foram abertas em 2021 (Foto: Divulgação)

Estados Unidos, Rússia, Espanha, México, Colômbia e Venezuela são exemplos de países que já conhecem a Labellamafia. No Brasil, a marca está presente especialmente em lojistas multimarcas, mas também começou a operar no modelo de franquias no ano passado. "Em 2021, abrimos 17 franquias. Pretendemos dobrar esse número em 2022", prevê o empresário. "Os franqueados eram lojistas multimarcas e optaram por seguir com a gente, já que os produtos Labellamafia eram seus mais vendidos. Damos preferência a estes candidatos a franqueados, mas todos que tiverem interesse são bem vindos", explica.

Segundo Puga, a Labellamafia conta com um projeto chamado Start, que consiste em um tipo de "varejo licenciado", em que o lojista utiliza o nome e logo da marca e tem seis meses para validar o negócio. "Conseguindo desempenhar bem, pode virar franquia. É quase como uma peneira", diz. "Nosso modelo de franquia é bem convidativo: o custo é baixo, o produto é bom e o franqueado recebe todos os treinamentos, como técnicas de vendas e cálculo de estoque".

O segredo do sucesso


Estilista por formação e vendedor nato, Puga conta que suas referências e influências culturais deram identidade à marca desde o início. "O core é streetwear com DNA esportivo, mas as peças também têm um toque de arte. O boom mesmo foi entre 2010 e 2011, quando minha ex-mulher e sócia, Alice Matos, começou a se envolver com o mundo do bodybuilding [fisioculturismo] e eu passei a desenhar roupas para ela", lembra.

Na época, Puga criou roupas de academia com uma estética mais casual, que pudessem funcionar tanto como roupas de treino como pós-treino. A fórmula fez sucesso. "Naquele tempo, o único canal de vendas que tínhamos eram as redes sociais", conta. A marca se internacionalizou porque a Alice começou a participar de competições fitness fora do Brasil, o que contribuiu para que as peças de vestuário da Labellamafia se tornassem conhecidas mundo afora.

"Existe muita marca genérica, que tem de tudo. Mas a Labellamafia tem uma cartela grande de produtos com o mesmo DNA impresso neles. Isso atrai o cliente que se vê representado no estilo daquelas peças. Gera uma sensação de pertencimento", ensina Puga.

Giulliano Puga (Foto: Divulgação)

Giulliano Puga, fundador da Labellamafia (Foto: Divulgação)

Expansão


Até 2019, Puga atuava como diretor de criação e também cuidava da parte comercial da Labellamafia. Desde então, assumiu 100% da companhia e passou a olhar a gestão do negócio mais de perto. A ex-mulher, Alice, ainda faz parte da empresa, atuando principalmente no relacionamento com clientes.

"Antes, era uma empresa familiar. Eu não dominava a parte contábil e de gestão. Assumi o negócio com dívidas, busquei aperfeiçoamento, fiz muitos cursos, mentorias, aprendi desde os conceitos mais básicos aos mais sofisticados e implementei um sistema de gestão com controle de indicadores", revela o empreendedor. "Na pandemia, triplicamos o tamanho da Labellamafia. Agora, como head de growth, busco não só crescer, mas também ter mais rentabilidade e melhorar a experiência do consumidor", resume.

Para Puga, enxergar o negócio a partir dos olhos dos consumidores e receber feedback de maneira escalada é um dos segredos do sucesso. "Uma coisa é feeling. Outra coisa é ouvir de fato o que o cliente está falando. Os lojistas preenchem questionários que nos ajudam a construir um mapeamento mental do nosso cliente. Temos tecnologia que nos permite agrupar esses dados e criar modelos preditivos que são muito importantes para a empresa", diz.

Números expressivos


Atualmente, a Labellamafia emprega 270 pessoas nas áreas financeira, de gestão, tecnologia, inteligência de mercado, criação de conteúdo, desenvolvimento e operações. São cerca de 100 mil peças produzidas por mês. "O que temos de interno é o corte, armazenagem de tecidos, revisão, empacotamento e entrega. A costura, estamparia e tinturaria são processos terceirizados com parceiros, mas que também utilizam as mesmas ferramentas e metodologias de gestão que a gente", conta Puga.

Para o futuro, o empresário espera trazer uma marca internacional para o grupo. O negócio está sendo fechado, mas ele ainda não revela o nome da marca. "É nossa estratégia para 2023", finaliza.