Cultura

Legislação impede projeto de Niemeyer no Aterro, diz Iphan

Decreto de tombamento não prevê um teatro no Parque do Flamengo
Projeto de Oscar Niemeyer para o Teatro Musical Rio's Foto: Terceiro / Divulgação
Projeto de Oscar Niemeyer para o Teatro Musical Rio's Foto: Terceiro / Divulgação

RIO - Revelado pelo GLOBO no último domingo, o projeto encomendado a Oscar Niemeyer de um grande teatro no Parque do Flamengo "é impossível de ser aprovado" se for respeitado o que está estabelecido no decreto que tombou a área, em 1965. A afirmação é do superintendente no Rio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Carlos Fernando Andrade.— O decreto especifica e enumera os equipamentos que o parque pode conter. Já que não existe qualquer teatro previsto, não há, na instância técnica do Iphan, como aprovar — diz o superintendente.

‘Perguntar não ofende’

Segundo ele, o grupo BFG, que controla o Porcão e fez a encomenda ao arquiteto de um teatro para ser vizinho à churrascaria, poderá fazer uma consulta prévia ao Iphan, como é o procedimento padrão. No entanto, diz Andrade, a legislação é muito clara ao determinar as áreas do Aterro do Flamengo em que podem surgir edificações e o que ainda poderia ser erguido no parque: uma biblioteca e um aquário, por exemplo.

— Naquela área (para onde o teatro foi concebido), está previsto um restaurante, que já existe. Um teatro não está previsto — ratifica ele, lembrando que qualquer consulta será respondida pelo instituto. — Perguntar não ofende.

O projeto de Niemeyer, que está na edição da revista "Nosso Caminho" a ser lançada em 15 de dezembro, dia do 104º aniversário do arquiteto, prevê um Teatro Musical Rio’s — alusão ao nome do primeiro restaurante do local, mais tarde transformado em Porcão Rio’s — com 2 mil lugares na plateia e mais 500 no balcão, além de camarotes. O acesso seria por rampas em torno de uma grande cúpula. No térreo haveria um auditório e um salão de exposições.

O terreno pertence à Prefeitura do Rio. A assessoria de Eduardo Paes diz que o prefeito só se pronunciará se for consultado oficialmente pelos interessados na construção do teatro e após o projeto ser avaliado pelo Iphan.

O secretário municipal de Cultura, Emilio Kalil, afirma ter sido surpreendido pela notícia e que só poderá fazer uma avaliação diante do detalhamento do projeto.

— Oscar é o nosso grande arquiteto, um projeto dele é sempre lindo, mas precisamos saber se é viável, como será o estacionamento, o impacto no entorno — diz.

O BFG não se pronunciou até o fechamento desta edição.