Empossado como senador hoje, em substituição a Antonio Anastasia (PSD-MG), Alexandre Silveira (PSD-MG) indicou que deve recusar o convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir a liderança do governo no Senado.
“Hoje, eu estou sendo investido do cargo de senador da República Federativa do Brasil, portanto, a minha resposta está dada. A minha prioridade é cuidar de Minas e do Brasil e, para isso, eu entendo que eu tenho que me dedicar ao trabalho desta Casa junto com meus companheiros”, disse.
O senador disse que pretende falar com Bolsonaro antes de tornar pública sua decisão. “Por elegância até, não há de se tomar nenhuma decisão sem comunicar primeiro ao presidente da República.”
Silveira foi menos ponderado e mais crítico ao falar sobre a possível desidratação da proposta do governo para baixar o preço dos combustíveis. Para ele, reduzir as mudanças à contenção da alta do diesel é uma medida insuficiente.
“Avalio muito mal. O Brasil precisa de algo mais robusto. Mesmo sabendo a complexidade que é a economia, não há como se enfrentar uma situação tão adversa com ortodoxia. Precisamos de um pouco mais de ousadia”, afirmou. Ele defendeu que dividendos da Petrobras sejam usados para financiar um fundo social que promova o equilíbrio do preço dos combustíveis.
A posse de Silveira no Senado foi acompanhada por por ao menos quatro ministros, mas a presença deles não evitou que Silveira fizesse uma série de críticas ao Executivo, principalmente na área econômica.
Ele afirmou disse que a gestão Jair Bolsonaro poderá contar com ele na votação de pautas prioritárias, o que não significa, segundo ele, "submissão ideológica e nem assunção a qualquer cargo". "Disse recentemente ao governo que pode contar com esse senador para as pautas prioritárias que interessam ao país, porque o brasil está sofrendo. Esse apoio não significa submissão ideológica e nem assunção a qualquer cargo. Pelo contrário, significará muitas vezes apontar o que considero errado em relação à pauta econômica, ambiental e social. Fome, miséria e dor não têm partido. Não é verde, vermelho ou amarelo. É sofrimento", afirmou.
O partido de Silveira, o PSD, tem resistido à escolha dele para ser líder do governo. O próprio presidente da legenda, Gilberto Kassab, manifestou-se contra essa ideia. Acontece que Kassab vem defendendo frequentemente que a legenda é independente e terá um candidato nas eleições presidenciais de 2022 - justamente o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), de quem Silveira é amigo há mais de 20 anos.
Em seu discurso, Silveira criticou principalmente a situação econômica do país. "Há mais de dois anos ouço falar da tal recuperação em v, na estabilidade do dólar e no equilíbrio fiscal, como fonte geradora de justiça social. E onde está o resultado desse discurso? Não dá mais para esperar. Precisamos de ousadia e coragem", disse sem citar o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Por outro lado, o senador mineiro fez acenos à ministra da Agricultura, Teresa Cristina, que foi ao Senado para prestigiar o parlamentar. "Não estamos discutindo viagem à Disney. Estamos falando de recorde na exportação agrícola e em contraponto o que temos é o quilo de músculo a R$ 40 e botijão de gás a R$ 130. No Brasil que mais produz e exporta comida, é inaceitável ver mães de família revirando lixos em busca de restos e ossos para alimentar seus filhos", complementou.
Além de Cristina, estiveram presentes na cerimônia os ministros da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Diante deles, Silveira foi enfático. "O meu propósito é colaborar, repito, para resolver o grave problema da inflação, da fome e da miséria. É preciso, antes de tudo, reconhecer: o nosso Brasil adoeceu e empobreceu", argumentou. Nomes da cúpula do PSD, como Kassab e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, também estiveram na posse de Silveira.
Por fim, o senador do PSD rasgou elogios a Pacheco, que o havia nomeado como diretor jurídico do Senado nos últimos meses. "Agradeço também ao meu amigo, presidente Rodrigo Pacheco, que tem conduzido esta Casa com mão firme, porém serena, alguém que, em momento tão crítico da vida brasileira, se consolida como uma das principais referências do País", afirmou. "Por todas essas características, Rodrigo é hoje uma luz no fim do túnel, um líder que nos aponta um caminho para escapar da mentalidade estreita do confronto e da polarização estéril. Alguém que dignifica nosso País com seu espírito público, trabalho diuturno e visão de estadista. O Brasil não pode prescindir da inteligência e da capacidade de Vossa Excelência".