Por Darlan Alvarenga, g1


As mulheres são a maioria dos desempregados do país e menos da metade das brasileiras em idade de trabalhar está ocupada no país. É o que mostram os números do último levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de desemprego do país recuou para 11,1% no 4° trimestre de 2021, mas para as mulheres ficou bem acima da média nacional: para eles, o desemprego foi estimado em 9%; já para elas, em 13,9%.

A taxa de desemprego das mulheres ao final do ano passado foi 54,4% maior que a dos homens. Dos 12 milhões de brasileiros desempregados, 6,5 milhões são mulheres e 5,4 milhões, homens.

Desemprego é maior entre as mulheres — Foto: Economia g1

"A taxa de desocupação das mulheres é 54,4% maior do que a registrada entre os homens, mas podemos perceber que desde 2020 essa diferença tendeu a aumentar. A diferença foi aumentando nos últimos trimestres, sendo que na ponta final mostrou um recuo", afirma a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, destacando que a essa diferença já foi maior, chegando a 69,4% no 1º trimestre de 2012.

O desemprego atinge historicamente mais as mulheres do que os homens, mas, na pandemia, a situação se agravou, uma vez que muitas mulheres que tiveram que deixar o mercado de trabalho para cuidar dos filhos por conta do fechamento de creches e escolas infantis pela pandemia do novo coronavírus.

Os números do IBGE mostram que, nos últimos meses, aumentou o número de brasileiros ocupados – mas a recuperação segue mais lenta para as mulheres, que representam o maior contingente de pessoas fora do mercado de trabalho. Além das 6,5 milhões de desempregadas, há mais de 41 milhões de brasileiras fora da força de trabalho. Veja no gráfico abaixo:

Maioria das mulheres estão fora do mercado de trabalho — Foto: Economia g1

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O nível de ocupação, que é o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, subiu para 55,6% no trimestre encerrado em dezembro, mas ainda ficou abaixo do patamar pré-pandemia (56,5% no 4º trimestre de 2019).

Entre os homens, a fatia dos ocupados subiu para 66,1% no término de 2021, ficando 0,6 ponto percentual abaixo do nível pré-pandemia. Já entre as mulheres, o nível de ocupação alcançou 45,7%, ainda 1,3 ponto percentual abaixo da tendência de antes da Covid.

Ou seja, menos da metade das mulheres em idade de trabalhar segue fora do mercado de trabalho. No pior momento, no 3º trimestre de 2020, o percentual chegou a apenas 39%. Veja no gráfico abaixo:

% da população em idade de trabalhar ocupada — Foto: Economia g1

A maior participação das mulheres no mercado de trabalho foi registrada no final de 2014, quando nível de ocupação atingiu 47,4%, mas bem distante do percentual de 69,7% alcançado entre os homens em idade de trabalhar.

A despeito do quadro estrutural mais desfavorável para as brasileiras, a pesquisadora do IBGE pontuou que nos últimos meses a taxa de desemprego caiu mais entre as mulheres do que entre os homens.

"A mulher acaba se inserindo um pouco mais na informalidade, e com o crescimento da informalidade isso pode ter contribuído", avaliou Beringuy, destacando que o número de brasileiros na informalidade atingiu o recorde de 38,9 milhões de pessoas no fim de 2021.

A menor taxa de desemprego da série do IBGE foi registrada no 4º trimestre de 2013, quando ficou em 6,3% no país, sendo de 5,1% para homens e 7,8% para mulheres.

"Em momentos de crise a mulher perde o emprego com mais facilidade. Com a pandemia, o setor de serviços foi muito penalizado, e reúne muita empregada doméstica e trabalhadoras do comércio. A taxa de desocupação está voltando para patamares pré-pandemia, mas muitas vezes a ocupação que a mulher consegue se reinserir no mercado de trabalho é menos privilegiada e mais vulnerável. Ela meio que aceita condições piores do trabalho porque precisa trabalhar", explica Thais Barcellos, pesquisadora da consultoria IDados.

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