Por g1 BA


Três pessoas são mortas em ação da PM na Gamboa, em Salvador

Três pessoas são mortas em ação da PM na Gamboa, em Salvador

Entidades baianas divulgaram uma nota conjunta em repúdio contra a ação da Polícia Militar que resultou na morte de três pessoas na comunidade da Gamboa, em Salvador, nesta terça-feira (1). [Confira nota na íntegra no fim da matéria]

O caso aconteceu durante a madrugada. Os três mortos chegaram a ser socorridos para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiram aos ferimentos e morreram. Na Gamboa, a Polícia Militar informou que o trio foi morto em uma troca de tiros com os policiais, e que uma pessoa teria sido feita refém. A versão é contestada pelos moradores, que fizeram um protesto esta manhã.

Moradores da Gamboa protestam após jovem ser morto e outros dois serem baleados em ação da PM, em Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia

Na nota, a Articulação dos Movimentos e Comunidades do Centro Antigo de Salvador e entidades criticam a operação da PM. Os mortos foram identificados como Patrick Sapucaia, Alexandre Santos e Cleberson Guimarães.

Ainda na nota, as entidades disseram que "os depoimentos de testemunhas apontam que as mortes dos jovens não foram decorrentes de resistência e que não houve qualquer reação ou troca de tiros".

Além disso, as entidades pedem justiça, assim como o afastamento e a responsabilização dos envolvidos nas mortes dos jovens.

Alexandre dos Santos morreu após ser baleado em ação da PM na Gamboa — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Confira nota na íntegra:

"A Articulação dos Movimentos e Comunidades do Centro Antigo de Salvador e entidades abaixo listadas denunciam a operação da polícia militar da Bahia na comunidade pesqueira da Gamboa de Baixo. Foram executados sumariamente pela polícia os jovens: Patrick Sapucaia, Alexandre Santos e Cleberson Guimarães.

A violência policial permanece como prática corriqueira e naturalizada contra moradores da Gamboa de Baixo. Os depoimentos de testemunhas apontam que as mortes dos jovens não foram decorrentes de resistência e que não houve qualquer reação ou troca de tiros. A polícia não agiu em legítima defesa! Afirmamos que toda pessoa tem direito à vida, ao devido processo legal e a um julgamento imparcial, sendo inadmissíveis execuções arbitrárias como aconteceu.

Os corpos das vítimas foram removidos e o local das execuções foi alterado, impossibilitando, por óbvio, a apuração dos fatos. Além das execuções e tiros aleatórios foram atiradas bombas de gás na Comunidade, de cima da avenida Contorno. A operação não se funda em qualquer mandado de busca e apreensão, como determina a lei!

A Polícia Militar da Bahia é considerada a mais letal do Nordeste e é líder em mortes por chacinas, segundo dados do relatório "A vida resiste: além dos dados da violência", da Rede de Observatórios da Segurança. Esses números reforçam a política do estado de genocídio da população negra.

A Gamboa de Baixo é uma comunidade tradicional do início do século XX, autodeclarada comunidade pesqueira, classificada como Zona Especial de Interesse Social-ZEIS 5 na Lei Municipal no 9069/2016, Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador. Os (as) moradores e moradoras da comunidade são sujeitos de direitos e merecem respeito!

Uma ação violenta e arbitrária como essa não pode ficar impune! Exigimos o afastamento e responsabilização dos envolvidos. Que o Estado investigue criteriosamente as execuções e todas as demais ilegalidades causadas por seus agentes de segurança contra a comunidade da Gamboa de Baixo nessa madrugada, respeitando o protagonismo das vítimas e seus familiares".

Veja lista de entidades que assinaram a nota de repúdio:

  • Artífices da Ladeira da Conceição da Praia
  • Associação Amigos de Gegê dos Moradores da Gamboa de Baixo
  • Centro Cultural Que Ladeira é Essa?
  • Movimento Nosso Bairro é 2 de Julho
  • Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB)
  • Coletivo Vila Coração de Maria
  • Grupo de Pesquisa Territorialidade, Direito e Insurgência (UEFS)
  • Grupo Margear- Faculdade de Arquitetura da UFBA
  • SAJU- Serviço de Apoio Jurídico da Faculdade de Direito da UFBA
  • MLB
  • Coletivo Resistência Preta
  • Coletivo Trama
  • Campanha Zeis Já
  • Observatório da Mobilidade Urbana de Salvador
  • Residência AU+E (FA-UFBA)
  • Grupo de Pesquisa Ecologia Política, Desenvolvimento e Territorialidades (PPGTAS-UCSAL)
  • Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU)
  • Grupo de Pesquisa Territórios em Resistência (PPGTAS-UCSAL)
  • Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM)
  • Grupo de Pesquisa Lugar Comum (PPGAU-UFBA)
  • IDEAS - Assessoria Popular
  • CESE - Coordenadoria Ecumênica de Serviço
  • GAMBÁ – Grupo Ambientalista da Bahia

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