Corpo de Miró da Muribeca é enterrado no Cemitério de Santo Amaro
Artistas, amigos e admiradores do poeta Miró da Muribeca compareceram ao Cemitério de Santo Amaro, na região central do Recife, para se despedir do artista, sepultado nesta segunda-feira (1º). Miró faleceu aos 61 anos, no domingo (31), deixando um filho e um neto (veja vídeo acima).
O poeta João Flávio Cordeiro da Silva, o Miró da Muribeca, 61 anos, foi internado em maio deste ano, num hospital público do Recife, em decorrência de problemas de saúde que vinha enfrentando há algum tempo.
Artistas recitam poemas de Miró da Muribeca durante o enterro do artista, nesta segunda-feira (1º), no Cemitério de Santo Amaro, no Recife — Foto: Reprodução/TV Globo
O artista lutava contra um câncer com metástase, descoberto em 2020. Rosa Maria, dona do Hotel Central, onde Miró morou nos últimos 5 anos, contou que o último pedido do poeta foi deixar o hospital e descansar no estabelecimento.
"Poeta, amigo, família. Eu não sei como chamo Miró. O sentimento é de uma perda grande, uma perda muito grande", declarou Rosa.
O velório e o sepultamento foram marcados por música e por pessoas declamando poesias, lembrando o olhar de Miró. A foto da mãe dele, que estava sempre na mesa de cabeceira, foi colocada sobre o caixão.
Miró da Muribeca em foto de arquivo — Foto: Wesley D' Almeida / Divulgação
De acordo com a assessoria de imprensa, o artista estava com a saúde debilitada devido à dependência de bebidas alcoólicas, já havendo sido internado em clínicas de reabilitação.
Miró era poeta performático das ruas. Saiu da Muribeca, bairro da periferia recifense que emprestou o nome a sua assinatura artística, para tornar-se referência na poesia urbana.
Ele ganhou o apelido de Miró jogando futebol: era comparado pelos colegas ao jogador Mirobaldo, um craque do Santa Cruz. Miró só estudou até o ensino médio e o último emprego formal foi o de servente.
Despertou para a poesia, quando conheceu as composições da música popular brasileira que faziam sucesso na década de 1970. Apaixonou-se pelos livros e começou a criar os próprios versos.
Teve o talento revelado pelo poeta Wilson Araújo, que o ajudou a publicar poemas em jornais. Em 1985, lançou o primeiro livro: "Quem descobriu o azul anil?".
Então, largou o emprego e decidiu viver de poesia. Na década de 1980, mudou-se com a mãe para o bairro da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, e o nome do bairro foi adotado como um sobrenome.
Miró publicou mais de 15 livros e tem poemas traduzidos para o espanhol e para o francês. Em agosto de 2021, o poeta lançou o livro "O Céu é no 6º Andar", comemorando o aniversário de 61 anos.