Política
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Por André Guilherme Vieira, Valor — São Paulo


O ex-presidente Michel Temer disse nesta quinta-feira que o diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visando eventual apoio do MDB à candidatura do petista ainda no primeiro turno é difícil porque o pré-candidato "tenta destruir o legado" do governo do emedebista.

"Qual é a dificuldade que eu tenho? O ex-presidente Lula, e eu sei que ele faz isso pra base dele, não sei se ele acredita nesse fato, mas ele fala a todo o momento em golpe, que a reforma trabalhista foi coisa de escravocrata, que o teto de gastos prejudicou o país, que a queda da inflação, queda dos juros foi um equívoco, que a reforma do ensino médio prejudicou a educação", disse Temer em entrevista ao portal UOL nesta quinta-feira (21). "Então, como é que eu vou dizer que eu receber, vou conversar, vou apoiar com alguém que quer destruir um legado que, com toda a modéstia, claro, mas foi um legado muito positivo para o nosso país? Fica difícil", afirmou o ex-presidente.

O MDB está dividido com relação à pré-candidatura presidencial da senadora Simone Tebet (MDB-MS). Parte do partido quer apoiar Lula já no primeiro turno e defende a retirada da pré-candidatura da parlamentar.

Temer disse que não se discutiu a questão de eventual apoio a Lula na reunião em que o ex-presidente emedebista recebeu integrantes do partido, em São Paulo, na terça-feira (19). Segundo o ex-presidente, o encontro tratou da possibilidade de adiar a convenção nacional do MDB do dia 27 para 5 de agosto, último dia previsto pela Justiça Eleitoral para realização das convenções.

"Eu não sugeri o adiamento da convenção, como disseram. Há um equívoco. Eu encaminhei ao Baleia [Rossi, presidente nacional do MDB] o pleito daqueles que me procuraram", afirmou.

Indagado se aceitaria conversar com Lula caso o petista o chamasse, Temer disse que espera por "demonstrações públicas". "Em primeiro lugar, ele precisa dar demonstrações públicas, se ele quer a pacificação do país como prega o centro [democrático], ele tinha de dar demonstrações públicas", disse.

"O que eu preciso é que haja gestos públicos, afinal ele é um homem público. No sentindo de que, reconhecendo as vitórias que nós tivemos no nosso governo. Muitas pessoas pleiteiam que eu seja candidato [a presidente] e eu reconheço que isso é um reconhecimento ao meu governo", complementou Temer.

O ex-presidente, no entanto, afasta a hipótese de disputar o Planalto. "Não há necessidade de ser eu o candidato. Eu só seria, vou dizer aqui por hipótese, se houvesse uma conclamação nacional, se a Simone não quisesse ser candidata, se houvesse um grande movimento – o que não vai acontecer jamais, não é?"

Indagado em quem votaria no segundo turno, na hipótese de a eleição ficar entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL), Temer se esquivou. "Eu vou pedir pra você me perguntar isso no segundo turno. Porque se eu responder isso vai parecer que a Simone não tem condição de chegar ao segundo turno", afirmou.

Temer disse esperar "demonstrações públicas" de Lula antes de conversar sobre eventual apoio ao petista — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
Temer disse esperar "demonstrações públicas" de Lula antes de conversar sobre eventual apoio ao petista — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

Ataques ao STF

Temer voltou a desmentir Bolsonaro sobre uma suposta "condicionante" para que o presidente divulgasse a carta em que recuou de ataques feitos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após os atos de 7 de setembro do ano passado.

Nas palavras de Temer, Bolsonaro "se equivocou". "Segundo ponto é que ficaria mal, imagine, para o presidente da República e o ministro do Supremo Tribunal Federal fazerem um acordo sobre qual seria a decisão do judiciário brasileiro, isto não houve em hipótese alguma. Evidentemente, penso eu, talvez o presidente tenha se equivocado. Ele pode ter imaginado, mas não houve compromisso objetivo de maneira nenhuma", disse.

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