O pré-candidato do PT a governador em São Paulo Fernando Haddad disse nesta quarta-feira que "gostaria muito" de ter o PDT em sua chapa. O ex-prefeito afirmou ainda que integrantes de sua campanha estão conversando com pedetistas sobre a aliança desde a semana passada.
— Está faltando o PDT nesse palanque. Tomara. Eu gostaria muito — disse Haddad em uma coletiva de imprensa após um evento com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O petista disse que "até ontem" o nome de seu vice-governador seria o de uma mulher, mas agora isso está em aberto. O pré-candidato do PDT ao governo paulista é o advogado Elvis Cezar, que é cotado para a vaga na chapa de Haddad. O ex-prefeito afirmou que reuniões sobre o tema serão feitas ainda nesta quarta-feira.
No nível nacional, no entanto, o PDT é rachado com o PT. O pré-candidato pedetista à Presidência, Ciro Gomes, é crítico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O diretório paulista do partido marcou sua convenção para quinta-feira, às 17h, com a presença de Ciro.
Haddad havia convidado a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) para ser vice na sua chapa. Mas ele anunciou na terça-feira que ela recusou. Marina Silva será candidatura a deputada federal por São Paulo.
A médica Marianne Pinotti (PSB), que foi secretária da Pessoa com Deficiência na gestão do ex-prefeito em São Paulo, também é cotada para vice. O PSB já ocupa a vaga de senador na chapa de Haddad, com o ex-governador Márcio França. O partido também tem o posto de vice, com Geraldo Alckmin, na chapa de Lula para a eleição presidencial deste ano.
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O pré-candidato do PT disse ainda que o Pros deve anunciar apoio a sua campanha nesta quarta-feira. No último fim de semana, o petista recebeu o apoio da federação formada pela Rede e pelo PSOL. Também integram sua coligação PC do B e PV.
Haddad e o mercado
O ex-prefeito de São Paulo participou de sabatina com empresários na sede da Fiesp na capital paulista, nesta quarta-feira. Haddad aliviou suas críticas ao mercado, costumeiras no discurso do petista.
O pré-candidato também lembrou a relação que teve com José Alencar, que era pai do presidente da Fiesp, Josué Gomes, e foi vice-presidente de Lula. Ele disse a Gomes que projetos que realizou quando foi ministro da Educação, de 2005 a 2012, tiveram “muita ajuda do seu pai”. O presidente da Fiesp convidou Haddad para conhecer escolas do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), entidades vinculadas à federação.
Haddad disse que sua proposta de programa de governo deve ser finalizada ainda nesta quarta-feira e divulgada na próxima semana. O petista afirmou que entregará o documento à Fiesp. A federação também apresentou ao petista sugestões que o setor da indústria preparou para todos os pré-candidatos.
Fernando Haddad foi o primeiro candidato a governador de São Paulo a participar das sabatinas da Fiesp. Outras campanhas já confirmaram a participação, mas ainda negociam a data do evento com a federação. A Fiesp também está realizando sabatinas com presidenciáveis.
Críticas ao governo Bolsonaro
O petista criticou no evento o chamado orçamento secreto e a relação desse mecanismo com prefeitos. Lula também é crítico do procedimento e sinaliza que acabará com esse sistema caso seja eleito à Presidência em outubro.
— (O orçamento secreto) foi o maior sistema de cooptação de prefeitos, de mudança de partido dos prefeitos. Não há precedente. Usando dinheiro público para sentar com o prefeito e fazer acordo político sem planejamento. A qualidade desse investimento se perdeu completamente.
O chamado orçamento secreto permite o governo contemplar deputados e senadores aliados com verbas além do que eles têm direito. Os congressistas podem enviar esses recursos para seus redutos eleitorais, beneficiando prefeitos parceiros, e, na maioria das vezes, sem critérios técnicos. A modalidade foi criada em 2019, no início do governo Bolsonaro. O mecanismo tem sido usado pelo presidente para conseguir apoio em votações no Congresso.
Haddad também criticou a proposta de emenda à Constituição (PEC) Eleitoral, que autorizou o governo a gastar R$ 41 bilhões para conceder benefícios a menos de três meses das eleições. O projeto fez parte dos planos do presidente Jair Bolsonaro (PL) para tentar alavancar sua campanha à reeleição. A medida aumentou o valor do Auxílio Brasil em R$ 200 de agosto a dezembro — período que contempla as eleições de 2022.
— Essa PEC que foi aprovada é desmoralizante. É tomar o dinheiro do Estado, da educação, para fazer demagogia. Nós não teremos dinheiro para investir se não acabar a fisiologia — disse Haddad.
Apesar da crítica dele, a PEC teve votos favoráveis de quase todos os congressistas do PT.