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Economia

Governo estuda compra antecipada de passagens aéreas para ajudar as empresas do setor

Estimativa é que sejam gastos cerca de R$ 300 milhões com esta operação
Passageiros desembarcam no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio, usando máscaras. Temor do coronavírus provocou queda brusca nas viagens de avião Foto: RICARDO MORAES / Reuters/5-3-2020
Passageiros desembarcam no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio, usando máscaras. Temor do coronavírus provocou queda brusca nas viagens de avião Foto: RICARDO MORAES / Reuters/5-3-2020

BRASÍLIA – Para dar fôlego às companhias aéreas , um dos segmentos mais afetados pela crise do novo coronavírus , o governo federal estuda comprar de forma antecipada  pelo menos R$ 300 milhões em passagens  para serem utilizadas em viagens a trabalho no serviço público.

Os bilhetes serão adquiridos com desconto, segundo técnicos da equipe econômica. Os percentuais podem variar entre 5% e 10%, mas isso ainda depende das negociações que estão sendo feitas com o setor.  Em 2019, o gasto do governo com passagens somou R$ 768,4 milhões, considerando rotas domésticas e internacionais.

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Em outra frente, o Ministério de Infraestrutura está discutindo com representantes da  Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do  Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a adoção de code-share —, compartilhamento de voos domésticos — entre Latam, Gol e Azul. Dessa forma, o passageiro que comprar um bilhete de determinada empresa poderá  voar em outra.

A medida reduzirá ainda mais a malha aérea doméstica, que caiu de 2,8 mil voos diários para cerca de 190 – número fechado com o governo e as empresas para manter as ligações em todas as capitais do país.

Contudo, disse um executivo do setor, as companhias estão tendo prejuízo porque as aeronaves estão voando uma taxa de ocupação muito baixa. O code-share vai permitir evitar a sobreposição de voos, explicou a fonte.

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Segundo essa fonte, o principal negócio das empresas hoje é explorar o "porão da aeronave", ou seja o transporte de carga,  porque os passageiros sumiram. Não há mais viagem de avião a passeio, só a trabalho e em situações em que não é possível adiar o voo. O setor também tem sido demandado a despachar equipamentos e produtos médicos necessários ao combate à Covid-19.

As empresas também contam com o apoio do Ministério de Infraestrutura para melhorar as condições da linha de financiamento que será oferecida pelo BNDES.

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A operação prevê a compra de debêntures a serem emitidas pelas empresas e é considerada a principal medida do governo federal para ajudar o setor a atravessar a crise. O Ministério da Economia suspendeu o temporariamente o pagamento das tarifas de navegação aérea.