A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) lamentou a saída de Sergio Moro do comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Após diversas gestões que se abstiveram de elaborar uma política de segurança com base na ciência, a gestão de Moro representou um avanço no uso de métodos científicos modernos contra a criminalidade”, disse o presidente da APCF, Marcos Camargo, nesta sexta-feira.
Segundo ele, a marca deixada por Moro na Pasta é a compreensão de que medidas repressivas sozinhas não surtem os resultados de que o Brasil precisa para superar o quadro trágico da criminalidade no Brasil. Para Camargo um exemplo de avanço conduzido por Moro foram os mutirões de coleta de DNA dos presos condenados por crimes violentos e hediondos. Até a chegada de Moro no Ministério, a legislação era sistematicamente descumprida nos pontos que determinam a coleta obrigatória do material genético desses presos. Esse material colabora para solucionar crimes pendentes, sobretudo crimes sexuais, e para diminuir a impunidade no Brasil.
“A APCF espera que os avanços sejam mantidos pelo próximo ministro. Estaremos alertas para que o fortalecimento da prova científica e da Polícia Federal (PF) seja mantido como prioridade. Apenas com a ciência acima de tudo a PF pode oferecer à sociedade um serviço de excelência”, ressaltou Camargo.
A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) também lamentou o pedido de demissão de Moro, além da exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.
A entidade alegou que Moro cumpriu o seu papel com dedicação e comprometimento, garantindo a independência da Polícia Federal durante todo o período que ocupou o cargo.
Já com relação a Valeixo essa entidade argumentou que havia uma situação de tensão que se arrastava desde 2019, com o anúncio de sua possível saída. “Ainda assim, Valeixo, um profissional sério e dedicado à Polícia Federal, manteve seu compromisso com os policiais federais até sua exoneração”, alertou a Fenapef.
Para a diretoria dessa entidade, independentemente de quem ocupe o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a direção-geral da PF, a Polícia Federal precisa manter sua linha de autonomia e independência nos trabalhos e investigação. “A Fenapef sempre defendeu que a Polícia Federal é uma polícia de Estado e não de governo e, por isso, acredita e defende que jamais a instituição deve ser atingida por interferências políticas”, enfatizou.