Rio

Preço da água mineral dispara em área controlada pela milícia na Praça Seca

Paramilitares lucram com a exploração da crise da Cedae. Alguns depósitos ligados ao bando reajustaram em 50% o valor do galão de água mineral de 20 litros
Milícia lucra com venda de água mineral na Praça Seca Foto: Marcos Ramos/ Agência O Globo 05/04/2019
Milícia lucra com venda de água mineral na Praça Seca Foto: Marcos Ramos/ Agência O Globo 05/04/2019

RIO — A crise com a qualidade da água fornecida pela Cedae está fazendo aumentar o lucro da milícia, na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio. Em algumas ruas da região, depósitos ligados aos paramilitares reajustaram em torno de 50% os preços da venda do galão de água de 20 litros.

Segundo os moradores, o produto que antes era oferecido por R$ 10 chega a ser vendido por até R$ 15 em um dos locais. Já no interior das comunidades como a Favela Bateau Mouche e Favela da Chacrinha , o aumento passou dos 30% .

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Foi o que confirmou, nesta terça-feira, um dos moradores de uma das comunidades, que disse ter conseguido encontrar o galão por R$ 8,50.

— Comprei por R$ 8,50 mas tem lugar lá que já cobra R$ 10. Antes era só R$ 6,50. Tá difícil comprar água. Não sei até quando vou conseguir comprar — disse.

Não é só com a água mineral que os milicianos aumentaram seus lucros recentemente. Investigações em andamento na Polícia Civil confirmam que a milícia cobra taxas de depósitos de gás localizados no asfalto — alguns também vendem água — e ainda proíbe que os estabelecimentos façam a venda de botijas de gás no interior de comunidades como o Morro da Rua Barão, Chacrinha, Fubá, Bateau Mouche , entre outras.

A medida garante um monopólio de fornecimento do produto, que tem o preço estipulado pelos paramilitares, e ainda facilita a expansão dos negócios, já que alguns comerciantes acabam sendo pressionados a passar seus pontos para a milícia.

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Nesta terça-feira, o EXTRA revelou que o bando dobrou o valor mensal da taxa de segurança cobrada aos moradores de algumas ruas do entorno da Avenida Cândido Benício, principal via do bairro .

Segundo pessoas que pediram para não ser identificadas, os valores passaram de R$ 50 para R$ 100. No mesmo dia, o governador Wilson Witzel usou o seu perfil no twitter para dizer que mandará a polícia investigar a denúncia dos moradores .

Witzel ressaltou que mais de 550 paramilitares já foram presos."No meu governo miliciano não tem vez. Mais de 550 já foram presos e já determinei que a polícia vá averiguar as denúncias dos moradores da Praça Seca sobre a taxa de segurança cobrada dos moradores. O poder paralelo está com os dias contados", diz o tuíte do governador.