Setor de educação: XP projeta resultados neutros com aumento dos custos

A retomada das aulas presenciais deve ser percebida nas margens, e o aumento da taxa Selic pode afetar fortemente os lucros de algumas empresas de educação, dado o alto nível de endividamento

Por Allan Ravagnani, Valor — São Paulo


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A XP Investimentos afirmou esperar que as empresas do setor de educação reportem resultados neutros no terceiro trimestre, já que a redução nos casos de covid-19 traz alguns efeitos negativos de curto prazo – apesar de ter efeitos positivos claros no longo prazo.

“As medidas de distanciamento social obrigaram as empresas de educação a se adaptarem a uma realidade diferente, com os alunos presenciais migrando para as aulas digitais, e embora isso tenha causado problemas em termos de admissão e evasão, as empresas conseguiram reduzir custos de ocupação e com docentes, evitando queda acentuada nas margens”, apontou o relatório.

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No terceiro trimestre, a XP espera que a retomada das aulas presenciais seja percebida nas margens e, além disso, o aumento da taxa Selic pode afetar fortemente os lucros de algumas empresas de educação, dado o alto nível de endividamento que apresentavam no segundo trimestre deste ano.

Para a Ânima (recomendação de compra e preço-alvo de R$ 15), além do afrouxamento das medidas de distanciamento social, espera-se que os resultados do trimestre reflitam a contribuição da Laureate durante todo o período, já que foi incorporada apenas no último mês do trimestre anterior.

“Estimamos que as receitas aumentem 126% ano a ano, com cerca de metade vindo da Laureate e um ligeiro aumento orgânico vindo de aumentos de tickets e captação. Projetamos que a margem Ebitda ajustada permaneça estável, uma vez que a empresa continua capturando os benefícios do modelo acadêmico E2A, mas sofre alguma pressão negativa dos custos de integração enquanto as sinergias ainda não são geradas”, diz o relatório.

A XP projeta lucro líquido ajustado em R$ 35 milhões, impactado pela alta da Selic e dívida bruta de R$ 3,5 bilhões.

Para a Cogna (recomendação neutra e preço-alvo de R$ 5,1), a XP espera por mais um trimestre difícil em relação aos resultados. A empresa passa por um processo de restruturação desde meados de 2020 e, embora acredite-se que a maior parte do impacto tenha ocorrido em trimestres anteriores, a retomada das aulas presenciais pressiona ainda mais os resultados.

“Esperamos que as receitas diminuam 5% ano a ano, com o maior obstáculo vindo da Kroton – a divisão de ensino superior, objeto de redimensionamento das operações no processo de recuperação. Projetamos a margem Ebitda ajustada reduzindo 8,2 pontos, já que a Kroton teve margens excepcionalmente altas no segundo trimestre devido aos baixos custos com docentes enquanto as aulas eram ministradas principalmente no formato eletrônico”, diz.

Por fim, a corretora espera que a empresa tenha prejuízo líquido no trimestre, dado o elevado nível de endividamento bruto de R$ 6,5 bilhões e o aumento da taxa Selic.

Para a Yduqs (recomendação de compra e preço-alvo R$ 50,7), a XP espera que os resultados reflitam a remoção gradual das medidas de distanciamento social, possibilitando uma melhora na captação do segundo semestre em relação ao ano anterior, e a retomada das aulas presenciais.

“Estimamos um aumento de 14% ao ano na receita, uma vez que a empresa conseguiu ajustar os tíquetes pela inflação no início do ano, e os descontos obrigatórios praticados nos últimos trimestres não estão mais afetando a receita de forma relevante. Projetamos margem Ebitda ajustada aumentando 1,3 p.p., para 32,2%, uma vez que os custos não aumentam no mesmo ritmo que os preços. Por fim, esperamos queda de 36% no lucro, em função do recente aumento da taxa Selic”, completa.

E para a Ser Educacional, com recomendação neutra e preço-alvo em R$ 17, espera-se que os resultados sejam beneficiados pela forte captação do segundo semestre reportada pela empresa e pelas aquisições incorporadas nos últimos trimestres, mas ainda com altos níveis de evasão e pressão de preços devido à concorrência.

“Estimamos que a receita aumente 17% no ano, com uma maior proporção de alunos de ensino digital na base total de alunos (40% em 2021 contra 28% em 2020). A margem Ebitda ajustada deve cair 4,5 p.p., para 20,7% devido a um maior nível de despesas de marketing no trimestre para fomentar a captação. O lucro líquido ajustado deve ser de R$ 7 milhões devido ao maior impacto das despesas financeiras em função do aumento da taxa Selic”, finalizou o relatório.

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