• Paulo Gratão
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Felipe Palmeira e Bruno Rodrigues, fundadores da Artes Filmes (Foto: Divulgação)

Felipe Palmeira e Bruno Rodrigues, fundadores da Artes Filmes (Foto: Divulgação)

As lives tomaram conta da internet desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus. Palestrantes, empresários, músicos, líderes religiosos: todo mundo está ao vivo. Uma das apresentações musicais que causou mais barulho durante o período foi a do sertanejo Gusttavo Lima, na primeira quinzena de abril, e foi também a que deu a ideia para que a franquia Artes Filmes conseguisse reduzir os impactos da crise.

Enquanto assistiam à apresentação, Felipe Palmeira, 31, e Bruno Rodrigues, 30, amigos de infância e fundadores da marca, tiveram a ideia de oferecer o mesmo modelo de transmissão para as cidades onde as seis franquias operam - a maioria no interior de São Paulo -, como um novo serviço para a rede.

A empresa existe há oito anos e é especializada na produção de vídeos corporativos institucionais, de treinamentos e publicitários. “Na segunda quinzena de março, essa demanda mudou por vídeos que mostravam cuidados de higiene, como usar álcool gel e como higienizar as mãos. Depois, na primeira quinzena, passou a ser de posicionamento da empresa e de motivação para serviços essenciais”, afirma Rodrigues. A Artes Filmes atende empresas de grande porte, como Grupo JSL e Movida.

O modelo de negócio da franquia consiste em uma plataforma para que fornecedores freelancers se cadastrem, passem por uma avaliação e prestem serviço em nome da Artes Filmes nas regiões de atendimento das franquias, algo parecido com a dinâmica do Uber. Atualmente, são mais de 400 profissionais homologados, entre locutores, operadores de câmera, editores de vídeo e redatores.

Com a pandemia, a demanda por vídeos tradicionais caiu cerca de 50% e os empreendedores pensavam em formas de manter as franquias ativas e os fornecedores com trabalho. A marca foi formatada para o franchising no ano passado, e os franqueados não têm um ano de operaçao ainda. Internamente, eles reduziram as taxas cobradas pelo uso da marca, e conseguiram recuperar 25% da receita com a ideia das lives.

Lives ajudaram a recuperar 25% do faturamento da empresa (Foto: Divulgação)

Lives ajudaram a recuperar 25% do faturamento da empresa (Foto: Divulgação)

A primeira ação da empresa foi com a dupla sertaneja Marcos e Bueno, de Mogi das Cruzes. Foi uma live beneficente, que arrecadou 20 toneladas de alimentos e não gerou retorno financeiro imediato para a Artes Filmes. No entanto, deu visibilidade e trouxe mais clientes.

Desde então, eles já realizaram mais de 15 trabalhos de transmissão ao vivo com grupos musicais e igrejas católicas e evangélicas. Para cada live são enviados até, no máximo, três profissionais: um diretor de corte e até dois operadores de câmera. Antes do evento, o trabalho envolve um produtor interno e um designer para desenvolver as artes de divulgação. “Temos tomado todo o cuidado para prevenir contra a contaminação de Covid-19, então envolvemos o menor número de pessoas possível in loco”, explica Palmeira.

Com o novo serviço de lives e a demanda de clientes tradicionais, eles conseguiram manter todo o quadro de fornecedores ocupado. A agenda para maio já está cheia. O serviço de transmissão de vídeos ao vivo será mantido no portfólio da marca.

Na visão dos empreendedores, as lives têm sido uma forma de os artistas conseguirem levantar renda por patrocínio e ainda ajudarem a arrecadar donativos para campanhas beneficentes. O modelo pode perdurar mesmo após a pandemia. “Na nossa cidade chegamos em bons números. As pessoas querem interagir ao vivo. Em uma live, os canais chegam a ganhar entre 15% e 30% de inscritos”, diz Felipe.

Além disso, de olho na demanda crescente, eles também já colocaram no ar um curso de audiovisual para ajudar a profissionalizar o mercado, chamado Universidade Artes Filmes. O conteúdo é aberto para todos e pode ajudar também na captação de novos franqueados. “O intuito é explicar como funciona a gestão de uma produtora de vídeo, um apanhado geral que passa por financeiro, administração e área comercial”, afirma Bruno.

A maior parte das lives feitas pela Artes Filmes são no YouTube, mas eles também recebem demanda, principalmente de igrejas, para transmissões em outras redes sociais. Procurados por PEGN, Facebook e Instagram disseram que a ferramenta Ao Vivo teve o dobro de utilizações no último mês - mas não especificaram a quantidade. Globalmente, eles afirmam que há 800 milhões de usuários ativos diariamente, no Facebook e Instagram, acessando a ferramenta de transmissões ao vivo.

Apoie o negócio local (Foto: Editora Globo)