Em clima de partida de futebol, alguns amazonenses preferiram acompanhar a votação do prosseguimento do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em bares de Manaus. Para acompanhar o público, botecos da capital fizeram transmissão ao vivo da sessão da Câmara dos Deputados, neste domingo (17).
Os "torcedores" vibravam a cada "sim" e a cada "não" dos deputados, como se fosse gol, como o comerciante Ivaniel Carvalho, de 44 anos, a favor do impeachment da presidente. "É como se a minha torcida fosse influenciar alguma coisa. Eu torço como se estivesse em um estádio de futebol, só que torcendo para o time, o PT, perder", disse.
Nos botecos, amigos com posições políticas diferentes dividiam a mesma mesa de bar, como o caso do professor de história João Pereira, 56, que foi ao Eldorado acompanhar a votação. Ele era o único de quatro amigos presentes no local contra o impeachment.
"O que está se julgando não são as pedaladas. Isso é uma farsa, um motivo que arranjaram para tirar a presidente. Vemos deputados corruptos julgando Dilma, que é a mais honesta entre todos ali dentro. Já discutimos bastante aqui, mas a democracia é isso. Temos que respeitar", afirmou.
A empresária Liliane Menezes, de 30 anos, aproveitou a saída da Arena da Amazônia, onde assistiu a vitória do Vasco contra o Fluminense, para beber algumas cervejas ao lado do marido e do irmão. "Nós vimos o jogo e resolvemos parar aqui. Somos todos a favor", disse.
Minutos depois eles encontraram o amigo Sebastião Noronha, 19, que é contra a abertura do processo de impeachment, mas se uniu ao grupo mesmo assim. Mesmo com as adversidades, eles contam que não chegaram a debater sobre o assunto. "Não discutimos ainda (risos). Eu vejo que não tem ninguém para assumir no lugar dela. A gente precisa de uma reforma política urgente", completou.