O PT do Rio aprovou na noite de ontem, em reunião convocada às pressas, o rompimento da aliança com o PSB de Marcelo Freixo e Alessandro Molon. O movimento se dá por causa da manutenção, por parte dos pessebistas, da candidatura de Molon ao Senado, enquanto os petistas colocaram o nome de André Ceciliano, presidente da Assembleia Legislativa do Estado, como contrapartida ao apoio a Freixo na eleição para governador.
“Estamos rompendo com a candidatura de Marcelo Freixo e vamos discutir com a Executiva Nacional os próximos passos no Rio de Janeiro. A postura divisionista de Molon, endossada pelo presidente [do PSB] Carlos Siqueira, levou a isso”, afirmou ao Valor o presidente do PT no Rio, João Mauricio de Freitas, que estava em São Paulo para conversar com a cúpula nacional do partido.
Freitas elogia a postura de Freixo pró-aliança, mas alega que o pessebista não conseguiu sustentar dentro de seu partido os termos da parceria. Procurado, Freixo minimizou o movimento: “Trabalho pela unidade o tempo todo e não tenho a menor dúvida de que vamos caminhar com Lula, em unidade, para ganhar a eleição no Rio e no Brasil”, disse. Em julho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a dar protagonismo a Freixo em comício na Cinelândia, no centro do Rio.
Com a decisão, o PT fluminense também suspendeu a convenção que havia sido marcada para hoje às 18h. Ainda não há uma definição de nova data, mas acaba nesta sexta-feira o prazo para as convenções. Em nota após a confirmação do rompimento, o diretório fluminense mencionou a “campanha sórdida” que parte da esquerda fez nas redes sociais contra Ceciliano, criticado pelos progressistas por ter proximidade com figuras da direita fluminense. E criticou a postura da direção do PSB de ter mantido a candidatura de Molon mesmo após o ato da Cinelândia e declarações de pessebistas como Flávio Dino, Márcio França, Danilo Cabral e o próprio Freixo “em defesa da unidade e cobrando o cumprimento do acordo”.
Molon, que é o presidente do PSB fluminense, sempre negou a existência de um acordo pelo qual o partido abriria mão da vaga ao Senado já que está na cabeça de chapa para governador. Na convenção do PSB, Molon contou com o aval de Siqueira. Nas pesquisas de intenção de voto para o Senado, ele aparece de forma competitiva.
Sem apoiar Freixo, a tendência é que o braço local do PT tente fechar um acordo com Rodrigo Neves (PDT), cuja candidatura ganhou força com a adesão do grupo do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), no mês passado. O vice do ex-prefeito de Niterói, que está atrás de Freixo e de Cláudio Castro (PL) nas pesquisas, será o advogado Felipe Santa Cruz, do partido de Paes. Neves tem boa relação com as principais lideranças do PT-RJ, que são de municípios vizinhos a Niterói, especialmente Maricá, também na região metropolitana.
Ainda não está claro como a direção nacional do PT e o ex-presidente Lula, principal fiador da candidatura de Freixo, vão se comportar diante da decisão estadual. “Não aceitamos mergulhar nosso partido e nossas campanhas em uma guerra fratricida”, afirma a nota divulgada pelo PT, que critica o “jogo pequeno das prioridades pessoais”.