PMs acusados pela morte de Claudia, arrastada por viatura, se envolveram em oito homicídios desde 2014

Fechar comentários

22 Comentários

  • 1961
    Sem nenhum medo de errar, eu tenho infinitamente mais medo da polícia do que de bandido, com certeza. Quem lê jornal e vê o noticiário, sabe disso.
  • Eccehomo
    Isso é o que representa a Polícia do Estado. Descaso. A Administração Pública não treina os agentes. A Polícia com sua organização militar, embora de natureza civil, posto que definida pela Constituição, embrutece, animaliza o ser para um único pensamento: nós militares (os outros, civis) e na ação do dia a dia sempre achando que está num jogo contra inimigos da vez, atualmente, pobre, preto e maconheiro, socialista e quem é a favor dos direitos humanos.
  • ctsantanarj
    Deixem a memória da Mulher Trabalhadora e amiga em paz. Momento inoportuno para colocar essa matéria. Agora coloca o que aconteceu com os bandidos que mataram mais de 100 policiais em 2016. Essa reportagem seria interessante também pra sociedade.
  • Xyko Xaves
    Velho a profissão Policia autoriza repelir a injusta agressão, e ainda mais no hell de janeiro......!
  • Onga
    Deixe os meninos trabalhar pessoal... parem de mimimi, por isso que o RJ tá essa bagunça toda, muita gente metendo bico o de não é chamado.
    • semhipocrisia
      ESTA CENA REMONTA O PERÍODO DE ESCRAVIDÃO, ONDE OS POLICIAIS SÃO OS "CAPITÃES DO MATO" E A POBRE MULHER É A "NEGRA FUGITIVA"...POR ISSO O BRASIL SERÁ SEMPRE UM PAÍS SUBDESENVOLVIDO E QUE PAROU NO TEMPO...NA HISTÓRIA ANTIGA!!!

PMs acusados pela morte de Claudia, arrastada por viatura, se envolveram em oito homicídios desde 2014

Claudia foi arrastada por 300 metros na Estrada Intendente Magalhães
Claudia foi arrastada por 300 metros na Estrada Intendente Magalhães Foto: Divulgação
Rafael Soares
Tamanho do texto A A A

Os dois policiais militares acusados do homicídio de Claudia Silva Ferreira, arrastada por uma viatura da PM por 300 metros na Zona Norte do Rio, ainda não foram julgados, seguem trabalhando normalmente e, desde março de 2014, quando o crime aconteceu, já se envolveram, juntos, em outras oito mortes durante operações — todas registradas como homicídios decorrentes de intervenção policial, os autos de resistência.

No período, Rodrigo Medeiros Boaventura, que à época era tenente, foi promovido após o assassinato de Claudia: hoje, é capitão. Já o sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno — que, até fevereiro passado, estava lotado no 41º BPM (Irajá) — participou de uma operação que terminou com um suspeito morto apenas quatro meses após o assassinato da auxiliar de serviços gerais. Hoje, o crime completa quatro anos. Claudia, mulher, negra e moradora de uma favela, como a vereadora Marielle Franco, executada anteontem, deixou quatro filhos.

No total, o capitão Boaventura se envolveu em dois homicídios durante operações no período; Bueno, em outros seis. Os dois foram indiciados pela Polícia Civil pela morte de Claudia em julho de 2014. A denúncia contra os dois por homicídio doloso só foi recebida pela Justiça em março de 2015. Desde então, o processo corre na 3ª Vara Criminal. Os policiais sequer foram pronunciados.

A primeira morte em que Bueno se envolveu após o crime aconteceu no Morro do Chaves, em Costa Barros, também na Zona Norte do Rio, em 15 de julho de 2014. Na ocasião, ele alegou, na 39ª DP (Pavuna), onde o crime foi registrado, que, após trocar tiros com traficantes, encontrou, “caído ao solo um homem pardo não identificado, portando uma espingarda calibre 12 em bandoleira”. Bueno também relata ter levado o homem para o Hospital estadual Carlos Chagas, onde foi atendido, mas não resistiu.

PMs presos pela morte de Claudia
PMs presos pela morte de Claudia Foto: Marcelo Carnaval

Desde então, o sargento se envolveu em mortes em várias favelas da Zona Norte: Chapadão, Morro do Engenho, Morro do Dezoito e Juramentinho. O homicídio mais recente registrado por Bueno aconteceu em 2 de fevereiro deste ano, no Chapadão.

Já Boaventura se envolveu numa ocorrência com duas mortes no dia 8 de outubro de 2015, em Quintino, também na Zona Norte. Na ocasião, o oficial participou de uma perseguição com tiroteio após o roubo de uma carga de cigarros.

Várias operações em favelas

Desde a morte de Claudia, há vários registros da participação dos dois policiais em diversas operações em favelas com trocas de tiros apreensões. A primeira registrada pelo capitão Boaventura após o crime aconteceu em junho de 2015, no Morro do Urubu, quando o oficial apreendeu um fuzil após tiroteio. Já Zaqueu fez duas prisões em outubro de 2014, mesmo ano do crime, no Morro do Chaves.

Claudia deixou quatro filhos
Claudia deixou quatro filhos Foto: Reprodução

Além de Boaventura e Bueno, os subtenentes Adir Serrano e Rodney Archanjo, o sargento Alex Sandro da Silva e o cabo Gustavo Ribeiro Meirelles também respondem pelo crime de fraude processual, por terem modificado a cena do crime, removendo Claudia, já morta, do Morro da Congonha.

O vídeo que mostra Claudia sendo arrastada pela viatura da PM pela Estrada Intendente Magalhães foi revelado pelo EXTRA. As imagens mostram a mulher pendurado no para-choque do veículo apenas por um pedaço de roupa. Apesar de alertados por pedestres e motoristas, os PMs não pararam. Antes Claudia havia sido baleada no pescoço e nas costas em meio a uma operação do 9º BPM no Morro da Congonha, onde morava.

A família de Claudia, cansada de conviver com a lembrança da mulher baleada a poucos metros da porta de casa, deixou a favela. O viúvo, Alexandre da Silva, e os filhos da auxiliar de serviços gerais fizeram um acordo com o governo, receberam uma indenização e se mudaram para a Zona Oeste da cidade.

Galerias