Trabalhadores da Ford protestam contra fechamento de fábrica em Camaçari, na Bahia

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Trabalhadores da Ford protestam contra fechamento de fábrica em Camaçari, na Bahia

Trabalhadores da Ford protestam contra o fechamento de fábrica em Camaçari, na Bahia
Trabalhadores da Ford protestam contra o fechamento de fábrica em Camaçari, na Bahia Foto: Reprodução / TV Bahia
Extra, com G1
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CAMAÇARI (BA) — Trabalhadores da Ford realizaram um protesto na manhã desta terça-feira (dia 12) contra o fechamento da fábrica da montadora em Camaçari, região metropolitana de Salvador. O ato foi motivado pelo anúncio feito pela montadora, na véspera, de que encerrará a produção de veículos em suas unidades no Brasil após um século.

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia, Júlio Bonfim contou que, durante uma reunião com o presidente da Ford na América do Sul, Lyle Watters, a empresa informou que a decisão de encerrar a produção foi tomada por causa da instabilidade econômica do país.

Bonfim acrescentou que, segundo o presidente da montadora, outro fator que impactou diretamente no encerramento das atividades da Ford foi a questão do coronavírus.

— Eu tive uma convocação por parte da Ford e, nessa reunião, eu esperava que a tratativa era referente aos 460 trabalhadores da Ford que estavam suspensos por contrato em lay-off [suspensão temporária]. Mas fomos surpreendidos por um anúncio, por parte do presidente América do Sul, informando da instabilidade econômica do país e a incerteza econômica do país por parte do governo federal, isso dito pelo próprio presidente América do Sul da Ford — disse Bonfim em entrevista ao G1.

Em comunicado divulgado para a imprensa, a fabricante diz que a decisão foi tomada "à medida em que a pandemia de Covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas".

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Com o encerramento das atividades no Brasil, além da unidade de Camaçari, a Ford também fechará as fábricas de Taubaté (SP) e Horizonte (CE).

De acordo com o presidente do sindicato, o impacto será da perda de emprego de 12 mil trabalhadores diretos. No entanto, a Ford alega que serão cinco mil empregos afetados.

— O que a Ford tá fazendo hoje é um atrocidade com mais de 12 mil trabalhadores. Por que eu falo isso? A Ford está mentindo quando ela fala que são, simplesmente, cinco mil trabalhadores que estão sendo desligados. Nós temos um acordo coletivo aqui, em que empresas parceiras de autopeças produzem nas mesmas condições como trabalhador direto Ford. Então só somando essas empresas são oito mil, mais quatro mil trabalhadores de empresas satélites que fornecem diretamente para a Ford — acrescentou Bonfim ao G1.

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O anúncio foi o fim de uma longa história de produção no país, que se iniciou em 1919. A Ford foi a primeira montadora de automóveis a atuar no Brasil. A empresa tem 6.171 funcionários no Brasil, dos quais 1.652 em Taubaté, 4.059 na Bahia e 460 no Ceará.

Em 2019, a Ford anunciou o fim da produção de caminhões e do Fiesta na fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo, depois de 52 anos. A montadora vendeu a fábrica do ABC para a Construtora São José.