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Saúde

Por coronavírus, casas de repouso e cuidadores de idosos relatam aumento de demanda

Empresas adotam novos procedimentos para proteger um dos principais grupos de risco da doença COVID-19

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Paulo Gratão
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Cuidador e paciente da casa de repouso Terça da Serra (Foto: Jonatan William)

A realidade no Brasil e no mundo mudou drasticamente desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia do novo coronavírus, responsável pela doença chamada de COVID-19. Um público, em especial, tem recebido maior atenção, por ser um dos principais grupos de risco da infecção: os idosos.

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Só nesta segunda-feira, o empreendedor Pedro Moraes, um dos donos da rede de casa de repouso Terça da Serra, conta ter recebido três ligações de familiares pedindo para que idosos que passavam apenas o dia nas casas começassem a morar no ambiente. De acordo com ele, essa demanda e a procura de novos hóspedes têm sido frequente desde a semana passada.

As razões são o aumento do número de infecções no Brasil e também a ida das crianças para casa, devido ao fechamento de escolas. “Os familiares entendem que não conseguem proporcionar a segurança que os idosos precisam nesse período e procuram por ambientes mais controlados e preparados para lidar com a questão”, afirma.

O estímulo a lavagem constante das mãos é uma das orientações (Foto: Jonatan William)

Cerca de 500 idosos estão sob os cuidados das 30 franquias da Terça da Serra. Quando o coronavírus começou a ser notícia ainda na China, Moraes passou a orientar funcionários e franqueados sobre a importância de manter a atenção, pois a qualquer momento a doença que tem o seu principal público-alvo como grupo de risco poderia desembarcar no Brasil.

Quando esse dia chegou, ele montou um comitê de prevenção que visava criar procedimentos ainda mais rígidos para o acesso as casas e autopreservação de funcionários. “Não tivemos resistência de franqueados, mas tivemos um pouco dos familiares. Eles não entendiam a dimensão e achavam que era exagero as medidas que estávamos tomando. Isso mudou depois da semana passada.”

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Aviso na entrada das casas Terça da Serra (Foto: Jonatan William)

As medidas tomadas pela casa são:

• Uso de máscaras pelos cuidadores (a cada plantão de 12 horas, são utilizadas três máscaras) e pelos visitantes
Álcool gel disponibilizado para cuidadores e visitantes
• Dupla checagem de limpeza e procedimentos, como lavar as mãos e o rosto ao chegar da rua
• Restrição de acesso de funcionários da manutenção ou de outras áreas que não tenham contato direto com os idosos

De acordo com Moraes, as visitas foram reduzidas de cerca de 20 por dia para quatro. O número de pessoas também foi limitado e a recomendação é que agora seja feita individualmente.

Visitas diminuídas de três horas para apenas 30 minutos
Nos últimos 10 dias, a rede Vitória SPA teve um aumento de 20% no número de novos hóspedes, movimento atribuído ao avanço do coronavírus e às medidas de segurança para proteger o grupo de risco.

Funcionários e visitantes com sintomas de gripe não são bem-vindos na Vitória SPA (Foto: Divulgação)

Ações parecidas com a Terça da Serra foram tomadas pela rede fundada por Gustavo Brassolatti. “Enviamos um comunicado à famílias avisando a quem estiver com sintomas de gripe que não poderá visitar a casa.”

Além disso, eles reduziram as visitas de três horas por dia para apenas 30 minutos. Cada hóspede só pode receber uma pessoa da família por dia – antes a quantidade era livre.

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Os funcionários são instruídos a higienizar as mãos a cada 40 minutos. “Qualquer funcionário nosso está sob atenção redobrada. Se tiver algum sintoma de gripe, a pessoa será afastada.”

Home Angels vai alterar escalas para que cuidadores não enfrentem transportes lotados (Foto: Divulgação)

Mudança na escala e equipamentos de proteção
Os idosos também são o principal público-alvo da Home Angels, rede de franquia de cuidadores. Assim que foi declarada a pandemia, a rede se organizou para criar procedimentos e emitir comunicados que ajudassem a aumentar a segurança dos pacientes.

No entanto, eles perceberam que precisariam fazer algo antes de agir: conscientizar. “Como nosso publico é majoritariamente classe A, eles estavam mais preocupados com a economia, bolsa, dólar, do que com a saúde. Começamos a conversar com os clientes na ponta e com os franqueados. Dissemos que precisaríamos manter a calma e ter ações preventivas”, diz Renata Bozza, gerente executiva do Grupo Zaiom, dono da Home Angels.

Desde a semana passada, a rede tem estudado formas de melhorar a escala dos cuidadores para evitar que eles utilizem transporte público em horário de pico.

Segundo Renata, as demandas e as dúvidas têm aumentado na franqueadora. “Alguns contratantes, geralmente os filhos, querem saber se estamos informando os franqueados e disponibilizando os equipamentos de proteção durante todo o atendimento", diz. "Percebemos também algumas pessoas que não são nosso público-alvo preocupadas em como ajudar dentro de casa. Pelas nossas postagens nas redes sociais, eles nos veem como uma referência e querem informações.”

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Nos comunicados divulgados aos clientes, a rede informa sobre a disponibilização de álcool gel para os cuidadores, bem como uma caixa de máscaras para o uso, quando necessário. A Home Angels ainda orienta sobre a higienização constante das mãos e pede que o contratante disponibilize água e sabonete suficientes.

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