• Paulo Gratão
Atualizado em
Academia FitClub, em São Paulo (Foto: Divulgação)

Academia FitClub, em São Paulo (Foto: Divulgação)

O empreendedor Felipe Sato, dono da academia Fitclub, em São Paulo, estava confiante para 2020. Além dos treinos, o estabelecimento trabalha com refeições saudáveis, como shakes, lanches e sopas e tem até um coworking. Ele havia encerrado 2019 com um faturamento de R$ 400 mil, janeiro e fevereiro vinham em uma crescente e só nos três primeiros dias de março já tinha conseguido bater a meta do mês. Mas veio a pandemia, e ele precisou fechar as portas.

No início, Sato seguiu o mesmo caminho que boa parte das academias e levou as aulas para o online, mas percebeu que somente isso não seria o suficiente para manter a empresa. Resolveu, então, olhar para outra frente de negócios: as refeições.

O nicho representava cerca de 20% do faturamento e tinha espaço para crescer, na visão do empreendedor. O problema é que a Fitclub tinha pouca presença na internet e não teria como ser encontrada pelos clientes para conseguir fazer as vendas.

A ideia era ter o mínimo de custo possível, com atendimento na região do negócio. “Eu me vi com o mundo físico suspenso e não tinha esse trabalho de delivery. Não sabíamos nem como começar, na verdade”, conta.

O empreendedor buscou ajuda para criar uma presença digital para o negócio e conseguiu construir uma “fachada virtual”, como ele mesmo diz. Ele criou um site com a ajuda do movimento SeuNegocioNoMapa.com, idealizado pela startup de marketing local, NerdMonster Digital Retail, que direciona os pedidos diretamente para o WhatsApp da academia. A criação de sites locais é feita por uma das ferramentas gratuitas do movimento.

Com isso, os pedidos começaram a chegar, tanto dos consumidores da redondeza, em que as entregas são feitas a pé ou de carro, como de clientes mais distantes. Para estes, por enquanto, a solução tem sido o envio pelos Correios. De acordo com Sato, as vendas de refeições dobraram desde o início da operação. “A ideia era que o negócio atendesse de 1 km a 3 km de distância, no máximo, e agora atende até outros estados.”

O empreendedor conta que manteve todos os funcionários com a nova frente de negócios e já projeta continuar com a iniciativa no retorno das atividades presenciais. “Eu consigo seguir com o mesmo padrão e a mesma equipe. Talvez até precise de uma pessoa a mais. Os produtos eu já tinha, o estoque já estava bem saudável, seria capital parado. Foi uma grande solução e é um faturamento completamente novo.”

Com o novo modelo de negócio, a Fitclub nadou contra a maré: de acordo com pesquisa do Sebrae, as academias tiveram uma queda de faturamento de até 72% na pandemia.

O projeto que ajudou a digitalizar a academia de Sato tem o objetivo de inserir pequenos varejistas analógicos no online. A NerdMonster Digital Retail iniciou o movimento há cerca de dois anos, com apoio de entidades e empresas como Sebrae e o Google Brasil, para entender como poderia captar novos clientes. “O que nos motivou, além da causa de digitalização dos negócios, foi a formação futura de mercado para nós”, explica o diretor-geral e um dos sócios da startup, Claudio Roca.

Desde a criação do projeto, 22 mil pequenas empresas já foram atendidas, sendo que 6 mil entraram durante a pandemia. Com a quarentena, eles aceleraram um processo de criação de sites locais para ajudar a empresa a ter presença no digital. Nesse site, é possível ser direcionado para o WhatsApp do lojista ou dos vendedores ou até fazer doações para o estabelecimento. “O foco principal é trazer e promover a independência digital desses pequenos negócios. Dependendo do estágio da empresa, precisam se modernizar 10, 15 anos em poucas semanas." 

Academias, como a Fitclub, estão entre os serviços que mais procuraram o movimento da NerdMonster, junto a lojas de material de construção. No entanto, Roca conta que o segmento predominante na quarentena foi o de alimentação. “Muitos deles sofreram e ainda sofrem para se enquadrarem no digital. Para muitos, as taxas dos aplicativos são altas e precisavam encontrar alternativas, como os pedidos via WhatsApp”, afirma.