Rui Costa diz que Bahia vai ignorar decreto de Bolsonaro liberando salões e academias

Outros governadores também afirmaram que 'nada muda' em políticas de restrição em seus estados

Publicado em 11 de maio de 2020 às 22:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mateus Pereira/GOVBA/Arquivo e Evaristo Sá/Arquivo AFP

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse que nada vai mudar no estado o decreto editado pelo presidente Jair Bolsonaro na noite desta segunda-feira (11), ampliando os serviços essenciais. 

“A Bahia vai ignorar isso. Manteremos o nosso padrão de trabalho responsável. O objetivo é salvar vidas”, disse. “Todas as medidas legais serão adotadas para manter o isolamento”. O Estado tem mais de 200 mortos e de 5,7 mil infectados. 

Bolsonaro determinou, em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), que salões de beleza e academias de ginástica são considerados serviços essenciais. Portanto, podem funcionar durante a pandemia. 

Mas, como decidiu o Supremo Tribunal Federal (STF) no mês passado, estados e municípios têm autonomia para determinar regras de isolamento social próprias. O presidente se queixou da decisão e, na semana passada, foi à Corte acompanhado de empresários fazer um apelo para relaxar medidas de isolamento social.

Outros gestores também afirmam que 'nada muda' em seus estados Outros governadores também disseram, na noite desta segunda (11), que nada muda em seus estados nas políticas de restrição de circulação e que vão ignorar o decreto do presidente. 

Camilo Santana (PT), do Ceará, publicou em suas redes sociais que "apesar do presidente baixar decreto considerando salões de beleza, barbearias e academias de ginástica como serviços essenciais, esse ato em NADA altera o atual decreto em vigor no Ceará, e devem permanecer fechados".

Flávio Dino (PC do B), do Maranhão, disse que "nada muda até o dia 20". "Bolsonaro deveria estar preocupado com a atividade realmente essencial que cabe a ele cuidar, a de presidente da República, e passar a exercê-la com seriedade", disse Dino.

João Doria (PSDB), de São Paulo, afirmou que vai avaliar e deve anunciar sua decisão nesta terça (12).

O paraense Hélder Barbalho (MDB-PA) e Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo, também disseram que vão ignorar o decreto de Bolsonaro e seguirão com as suas políticas restritivas.

No Rio, a assessoria do governador Wilson Witzel (PSC) informou à Folha de S. Paulo que o estado crê que a decisão do STF dando autonomia para governadores legislarem sobre o tema dá segurança para a manutenção das restrições.

O que Bolsonaro já definiu como atividades essenciais? Em 20 de março, o governo listou como essenciais inúmeros serviços relacionadas à saúde e outros que visavam manter o abastecimento de alimentos e remédios no país, como logística e transportes. Na ocasião, gerou polêmica a inclusão de templos religiosos e lotéricas no decreto. Depois, em 29 de abril, acrescentou ao rol de atividades aptas a funcionar o atendimento bancário e startups. Na semana passada, em novo despacho, incluiu indústrias e serviços de construção. No domingo (10), afirmou que irá ampliar a lista.

Nesta segunda-feira (11), Bolsonaro anunciou que vai incluir na lista academias, salões de beleza e barbearias.