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Coronavírus: mulheres chefs de cozinha se unem para ajudar pessoas atingidas pela crise da Covid-19

À frente de restaurantes em diversos países, durante a pandemia do novo coronavírus, elas criam ações de apoio a outras mulheres, alimentam profissionais de saúde e pessoas que vivem nas ruas
A incubadora La Cocina, na Califórnia, visa ajudar as mulheres a aprimorar suas habilidades e entrar com sucesso na indústria de alimentos Foto: Divulgação
A incubadora La Cocina, na Califórnia, visa ajudar as mulheres a aprimorar suas habilidades e entrar com sucesso na indústria de alimentos Foto: Divulgação

Com o setor da gastronomia em uma crise sem precedentes, um time de mulheres, todas chefs de cozinha mundo afora, tem procurado maneiras de ajudar pessoas em situação de maior vulnerabilidade social. Uma resposta positiva à pandemia, praticada dentro das cozinhas.

Entre elas está a cozinheira e ativista curitibana Manoella Buffara, que através do programa “Mulheres do bem” (@mulheres.do.bem) transformou seu restaurante Manu, em Curitiba, em um verdadeiro QG, onde são produzidas refeições saudáveis para os sem-teto da cidade.

Manu Buffara ensina dois pratos durante a sua live-aula Foto: Divulgação
Manu Buffara ensina dois pratos durante a sua live-aula Foto: Divulgação

Ela conta com a ajuda de uma amiga, a também chef Vania Krekniski, do Limoeiro, e das duas filhas para alimentar até 500 pessoas por semana, servindo desde torta de salsicha até bolo de banana.

- Somos oito amigas, cozinheiras, chefs e ou jornalistas no "Mulheres do bem", que começou no início do ano com uma proposta mais tímida. A gente cozinhava, cada uma em seu restaurante, para pessoas em situação de rua,  sempre às segundas-feiras, dia em que o restaurante popular não abre. Com a pandemia, a demanda aumentou, meu restaurante fechou e a coisa mudou. Vania e eu, cada uma em sua casa, cozinhamos e distribuímos até 500 marmitas na semana, sempre às quartas e sextas - explica Manu.

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Ela recebe doações de fornecedores, amigos e familiares ("Meu pai e minha mãe já me ajudaram, minhas filhas pintam as tampas das marmitas e me ajudam a embalar"). O restante Manu tira do bolso, sobretudo legumes e verduras, comprados de hortas que também fecharam na pandemia.

- Estamos passando por um teste muito difícil, que nos forçará a reinventar processos, redesenhar trajetórias e produzir com menos desperdício - ressalta Manu, acrescentando que, numa outra frente do "Mulheres do bem", Gabriela Carvalho, do restaurante Quintana, arrecada cestas básicas para moradores de comunidades, além de entregar ainda de 500 a 600 refeições por semana.

Mais mulheres em ação

A incubadora La Cocina, da Califórnia Foto: Divulgação
A incubadora La Cocina, da Califórnia Foto: Divulgação

Em São Francisco, na Califórnia (EUA), uma organização sem fins lucrativos auxilia mulheres de baixa renda e negras a abrir e expandir negócios de restaurantes. A iniciativa é da incubadora La Cocina, que já ajudou na abertura de 60 empresas com dicas de como garantir redução de aluguel, empréstimo e assistência a funcionários. Uma plataforma que visa ajudar as mulheres a aprimorar suas habilidades e entrar com sucesso na indústria de alimentos. A organização também vende refeições preparadas por suas chefs para reforçar o caixa, com menus anunciados sempre aos sábados.

A inglesa Anna Haugh fornece refeições saudáveis a profissionais de saúde pública Foto: Divulgação
A inglesa Anna Haugh fornece refeições saudáveis a profissionais de saúde pública Foto: Divulgação

Por toda a Inglaterra, o coletivo Ladies of Restaurants, fundado por Natalia Ribbe, promove um bate-papo semanal no Instagram Live, chamado The Shift Show, que destaca ações de mulheres no combate à Covid-19, além de compartilhar receitas. Diretamente de Londres, Anna Haugh, do Myrtle Restaurant, colabora com o movimento “Hospitality for heroes”, que fornece refeições saudáveis a profissionais de saúde pública. Já são mais de mil refeições por dia, abastecendo seis hospitais.

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Ainda na capital britânica, a chef Ravinder Bhogal, do Jikoni, prepara refeições com a ajuda do marido, que é médico, para distribuir gratuitamente a trabalhadores da área de saúde. “Essas pessoas são meus heróis e é um prazer servi-las e estender nossa hospitalidade a elas”, postou Ravinder numa rede social.

Margot Janse, na África do Sul, fornece refeições para crianças em idade escolar. Com a pandemia do novo coronavírus, ela expandiu as doações Foto: Divulgação
Margot Janse, na África do Sul, fornece refeições para crianças em idade escolar. Com a pandemia do novo coronavírus, ela expandiu as doações Foto: Divulgação

Na África do Sul, outro belíssimo exemplo. Com o fechamento das escolas, a chef Margot Janse teve que suspender o trabalho de sua instituição de caridade, Isabelo, que fornecia refeições para centenas de crianças em idade pré-escolar na cidade de Franschhoek, para se dedicar a propostas mais amplas visando a pessoas que, de uma certa forma, tornaram-se vítimas sociais em razão das medidas de combate ao coronavírus. Sua instituição conta com doações para continuar de pé, como tantas outras, até enquanto durar esta pandemia. Vai passar.