Por Graziela Azevedo, SP2 — São Paulo


Estado de SP ainda discute como serão retomadas as aulas

Estado de SP ainda discute como serão retomadas as aulas

A retomada de alguns setores da economia em São Paulo a partir de segunda-feira (1º), anunciada pelo governo estadual nesta quarta (27), está causando preocupação em pais e entidades do setor de educação. Pais que terão que voltar ao trabalho não sabem com quem vão deixar os filhos, já que escolas e creches não voltarão a funcionar. O plano de reabertura para este setor ainda não foi apresentado pelo governo estadual.

O presidente do Sindicato das Escolas Particulares afirma que protocolos de reabertura de escolas e creches conveniadas estão sendo estudados, mas espera um norte do poder público.

“Quem tem que criar esse protocolo é o estado e o município. Até porque nós não vamos poder voltar sem ter o aval desses órgãos. Nós não seriamos irresponsáveis de voltar sem ter atendimento ou assessoria técnica cientifica, até porque estamos lidando com vidas, não estamos brincando de fazer educação”, afirma Benjamin Ribeiro da Silva.

Em nota, a Secretaria Estadual da Educação disse que a volta às aulas será gradual e regionalizada, seguindo o que os dados científicos de saúde indicarem em cada região do estado, e que diretrizes devem ser publicadas nas próximas semanas.

Apesar da angústia de mães, pais e responsáveis pelas escolas e creches, ainda não há plano definido. A secretaria informou que reuniões estão sendo realizadas para organizar a retomada das aulas presenciais.

Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (28), o prefeito Bruno Covas expressou preocupação em relação a situação de mães que terão que voltar ao trabalho.

“Outras preocupações já aparecem aqui na prefeitura. A primeira delas é de que forma vamos ter uma reabertura dessas atividades sem prejudicar as mulheres, porque as escolas e as creches não serão reabertas. E de que forma nós vamos garantir que não haja o desemprego da mulher trabalhadora, porque é sempre sobre a mulher que recai a obrigação de cuidar dos filhos”, disse Covas.

O prefeito, no entanto, atribuiu aos setores contemplados pela flexibilização a atribuição de discutir soluções para essa situação.

“Esse tema os setores precisam vir discutir para que a gente não aumente a desigualdade na cidade”, concluiu.

Retomada das aulas pelo mundo

18 de maio de 2020 - Alunos usam máscara em sala de aula no colégio D. Pedro V, em Lisboa, no dia em que parte dos estudantes volta a ter aula em meio à pandemia do novo coronavírus (COVID-19) em Portugal — Foto: Rafael Marchante/Reuters

O mundo já deu alguns exemplos de como pode ser feita a retomada das aulas para evitar a propagação da Covid-19. Países como Dinamarca, China e Portugal investiram em ambientes abertos, medidas de distanciamento, higiene e medição de temperatura.

A maioria dos países escalonou o retorno, mas nem isso garantiu o fim da transmissão. A França, por exemplo, teve que fechar escolas onde surgiram novos casos.

Alunos mantém a distância social durante chegada em uma escola primária em Seul, na Coreia do Sul, nesta quarta-feira (27) — Foto: Yonhap via Reuters

Já no Brasil a desigualdade é mais um complicador, segundo o movimento Todos Pela Educação.

“Entendemos que há dificuldade de conciliar atividade econômica com medidas ligadas a saúde, mas isso tem que ser feito de forma coordenada na educação. Infelizmente no momento de pandemia a desigualdade fica ainda mais latente e acaba que as famílias e os estudantes que serão mais prejudicados são os mais vulneráveis”, afirma o porta-voz do movimento.

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