Por Rogério Coutinho, Bom Dia Rio


VÍDEO: Pedro Ernesto 'já está sem sedação até segunda ordem', diz funcionária do hospital

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Profissionais da área de saúde voltaram a denunciar da falta de sedativos nos hospitais do Rio de Janeiro para atendimento de pacientes graves de Covid-19. Há relatos de funcionários do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na Zona Norte da cidade.

Já no Hospital Geral de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, além da falta do chamado kit intubação, os funcionários reclamam também de superlotação, mesmo após a inauguração do Hospital Modular. Segundo eles, há em média 50 pacientes internados em uma sala que antes era uma recepção.

Confira abaixo alguns relatos:

“A gente já está sem sedação até segunda ordem. Não tem sedação no hospital. A gente faz os sedativos pra poder manter o paciente em coma induzido, não tem. Se acabar não tem com que trocar”.

“Cada dia que passa piora mais um bocado. E a gente que tá ali, a gente fica sem saber o que fazer, porque a gente tenta de tudo pra poder manter a vida do paciente, mas sem o essencial a gente não consegue manter a vida”.

“Tem dia que falta Midazolan, Fentanil, na unidade. Midazolan é um sedativo importante para que o paciente não fique agitado. Fentanil, um tipo de anestésico pra diminuir a dor do paciente. Medicamentos essenciais para manter o bem-estar de um paciente”.

VÍDEO: 'A gente tem que fazer contenção mecânica, prender os pacientes no leito', diz funcionário de hospital

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Nos hospitais particulares, como no Semiu, de Vila da Penha, também há denúncias de estoques baixos de sedativos.

“Semiu de Vicente de Carvalho não tá tendo kit intubação. Tá faltando algumas medicações. Tamos fazendo a sedação com Fentanil, sendo que uma diluição maior do que padronizado. Mas mesmo assim eles ficam agitados. A gente tem que fazer contenção mecânica, prender os pacientes nos leitos”.

“Eles sofrem porque ficam acordados. E nós, como profissionais, ficamos muito tristes de estar prestando esse tipo de atendimento”.

Segundo o diretor da Associação de Hospitais do Rio de Janeiro (AHERJ), as unidades se aproximam de uma "situação de crise".

"Os medicamentos que são mais preocupantes são os bloqueadores neuromusculares e os anestésicos indutores de coma. Nós estamos chegando a uma situação de crise e precisamos de uma mobilização de toda a sociedade, da Secretaria Estadual de Saúde, das secretarias municipais e do governo federal para a resolução desse problema", diz o médico Graccho Alvim.

O que dizem os citados

A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu disse que comunicou ao Ministério da Saúde e ao governo do estado que o estoque de medicamentos para sedação está abaixo do ideal. E que o Hospital Geral de Nova Iguaçu tem protocolos para fazer a sedação dos pacientes com outras medicações recomendadas, caso haja necessidade. A secretaria disse ainda que todos os pacientes intubados estão sedados.

Sobre a lotação da unidade, a secretaria disse que precisou transformar o setor de trauma em ala de Covid e que mesmo com a inauguração do hospital modular, só 6 pacientes foram transferidos para lá. O hospital continua recebendo pacientes com outras doenças.

A produção do Bom Dia Rio procurou o Hospital Universitário Pedro Ernesto, mas ainda não teve resposta.

O Hospital Semiu "nega veementemente que haja falta de insumos e a existência de pacientes contidos mecanicamente por falta de medicamentos específicos para intubação".

"É importante destacar que, num cenário de dificuldades para a aquisição de medicamentos do chamado kit intubação em todo o país, o Semiu tem se esforçado diuturnamente para adquirir esses insumos, mesmo diante do superfaturamento de preços estimulado pela grande procura e por um crescente mercado paralelo que, infelizmente, tem atuado em todo o país", disse.

Profissionais de saúde voltam a alertar para a falta de sedativos em hospitais do RJ

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Governo nega falta de medicamentos

O Governo do Rio negou a falta de insumos utilizados no kit intubação em sua rede hospitalar.

Ainda assim, nesta quinta-feira (15), a Secretaria Estadual de Saúde convocou fornecedores que possam vender, de forma emergencial, alguns dos medicamentos e sedativos para intubação, como mostrou o RJ2.

De acordo com o estado, o material comprado será suficiente para atender pacientes por três meses. Segundo médicos intensivistas, a falta dessas medicações pode causar a morte da pessoa.

Sedativos

A Secretaria Estadual de Saúde negou a ausência do material para tratar pacientes que precisam ser intubados. A pasta informou na publicação no Diário Oficial que algumas cidades já solicitaram ajuda.

"Nos últimos dias observou-se um exponencial aumento da demanda, inclusive com a recepção na secretaria estadual de saúde de inúmeras solicitações de apoio", disse a superintendente de assistência farmacêutica e insumos estratégicos da secretaria, Carolina Lazzarotto Silva.

Segundo o governo, as cidades que pediram ajuda por falta de sedativos são: Campos dos Goytacazes, São Fidélis, no Norte Fluminense e Niterói, na Região Metropolitana.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro notificou a secretaria para saber se realmente há falta desses medicamentos nos hospitais públicos.

O Ministério Público Federal também cobrou informações da secretaria sobre o repasse de sedativos para as cidades da Região Serrana, onde também há registros da falta dos sedativos.

A reportagem do RJ2 apurou que outras cinco cidades da Região Metropolitana do Rio estão com pouca quantidade desses medicamentos.

Em Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São Gonçalo as autoridades informaram que há pouca quantidade de kits intubação. No entanto, os três municípios disseram que ainda não faltam sedativos nas emergências das cidades.

Em Niterói, o estoque está normal no município. A Prefeitura do Rio de Janeiro não respondeu, até a última atualização desta reportagem.

Kit intubação

Desde o começo da pandemia, o Ministério da Saúde vem centralizando a compra do chamado kit intubação.

E através de um documento oficial, o Governo Federal também disse à Secretaria de Saúde do Rio que os níveis de estoques dos fabricantes e fornecedores estariam 'realmente baixos'.

Segundo o gestor nacional do SUS, o Ministério da Saúde não conseguiu 'obter o quantitativo integral desejado'.

Na última quarta-feira (14), o G1 e o RJ1 mostraram que o Rio de Janeiro tem o maior volume de pacientes intubados devido à Covid-19 desde o início da pandemia.

Funcionários denunciaram que a falta de sedativos para o tratamento da doença. Uma enfermeira do Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, disse que pacientes com a forma mais grave da doença estão intubados, acordados e amarrados aos leitos devido à ausência dos medicamentos.

Ministério vai entregar medicamentos

O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira (15) que o Rio de Janeiro vai receber cerca de 324 mil medicamentos para intubação comprados por um grupo de empresas e doados para o SUS.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, 55 hospitais vão receber anestésicos e 36 unidades vão receber sedativos. As autoridades estaduais não informaram quais locais receberão os insumos.

O governo disse que a quantidade entregue vai ser suficiente para sete dias.

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