A tributação de dividendos e o fim dos juros sobre capital próprio (JCP), se aprovados, podem levar as empresas listadas na bolsa a repensar a estratégia de proventos e, eventualmente, reduzir a distribuição de lucro, avaliam gestores e economistas ouvidos pelo Valor. “Passa a ser mais interesse para algumas companhias reinvestir do que distribuir mais dividendos e os programas de recompras de ações podem entrar mais no radar”, afirma a economista-chefe do Banco Inter e Inter Asset, Rafaela Vitória.
Um profissional de mercado que pediu para se manter anônimo tem a mesma visão: “as empresas não vão ter o mesmo incentivo para distribuição de juros sobre capital próprio e podem optar por usar programas de recompra de ações”. Para a fonte, “desta maneira, a empresa poderá distribuir a parte obrigatório por lei via dividendos e o restante aplicar em programas de recompra de ações, assim, o acionista paga um imposto menor na venda de seus papéis, de 15%, em vez de pagar a alíquota proposta de 20% sobre dividendos”.
De acordo com o gestor da Cardinal Partner Marcelo Audi, a proposta deve incentivar a antecipação na distribuição de dividendos para evitar a mudança tributária. Vale, JBS, BR Distribuidora são alguns nomes com caixa mais robusto que podem adotar a estratégia. “Empresas que têm caixa forte, disciplina de capital, e cujos negócios vão bem são candidatos a anunciarem dividendos antecipados.”