Saúde Coronavírus

Imunidade de rebanho "é simplesmente antiética", diz OMS

Organização Mundial de Saúde também afirmou que, apesar da diminuição, números da pandemia no Brasil ainda são muito altos
OMS realiza coletiva de imprensa para falar sobre pandemia Foto: CHRISTOPHER BLACK / AFP
OMS realiza coletiva de imprensa para falar sobre pandemia Foto: CHRISTOPHER BLACK / AFP

ZURIQUE - A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou nesta segunda-feira que "não é uma opção" deixar o novo coronavírus circular livremente para que a população adquira imunidade coletiva, como algumas correntes sugeriram.

— Nunca na história da saúde pública a imunidade coletiva foi usada como estratégia para responder a uma epidemia, muito menos a uma pandemia. É científica e eticamente problemático—  declarou o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. — Deixar caminho livre para um vírus perigoso, do qual não entendemos tudo, é simplesmente antiético. Não é uma opção.

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A pandemia do novo coronavírus causou mais de um milhão de mortes no mundo desde que o escritório da OMS na China registrou o aparecimento da doença no final de dezembro.

— A grande maioria das pessoas na maioria dos países ainda pode contrair o vírus. As pesquisas de soroprevalência sugerem que menos de 10% da população foi infectada — disse Adhanom.

Ele também explicou que o mundo não sabe muito sobre a imunidade das pessoas que contraíram o vírus e ressaltou que alguns indivíduos foram infectados novamente: "A maioria das pessoas infectadas com o vírus desenvolve uma resposta imunológica nas primeiras semanas, mas não sabemos se essa resposta é forte ou durável, ou se difere de pessoa para pessoa.

Ele ressaltou ainda que o conceito de imunidade de rebanho é utilizado nas campanhas de vacinação e lembrou que para a varíola é necessário que 95% da população seja vacinada para que os 5% restantes estejam protegidos. Para a poliomielite, a taxa é de 80%.

Brasil

Em coletiva de imprensa sobre a pandemia, os líderes da OMS também falaram sobre o número de mortes no Brasil. Segundo eles, apesar da diminuição ser positiva, os números ainda estão em um patamar muito alto e nada impede que voltem a crescer. No domingo, o Brasil teve média móvel de mortes abaixo de 600 pela primeira vez desde maio .

Para Michael Ryan, diretor de emergências da OMS, a estabilização é importante, mas muitas pessoas ainda estão sendo contaminadas no Brasil e número abaixo da média não significa segurança.

O chefe de emergências lembrou ainda que o Brasil é um país muito grande e explicou que os registros nacionais podem estar em queda, mas que em determinadas áreas a contaminação pode estar aumentando.

— Como vimos nos últimos meses, o número de casos reduzido não significa que o surto não vai voltar. Precisamos continuar vigilantes. O Brasil é um país grande e precisamos ter atenção aos lugares onde os números ainda seguem em alta — afirmou Michael Ryan.

A líder técnica da OMS, Maria van Kerkhove, reforçou que os países devem continuar com as medidas contra o novo coronavírus.

— Estamos vendo o ressurgimento da Covid-19 nos países europeus, por exemplo.

O mundo bateu recorde de casos diários de coronavírus em outubro. Segundo a OMS, o aumento no número é puxado por um novo surto na Europa.

A OMS também inforou que mais de 180 países se comprometeram a participar do esforço da OMS para financiar vacina contra Covid-19 a serem distribuídas de forma justa para países ricos e pobres, disse a cientista-chefe do grupo, Soumya Swaminathan, nesta segunda-feira.

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Esse número é um aumento em relação aos 170 países, incluindo a China, que foram anunciados na sexta-feira pela aliança de vacinas GAVI, que está trabalhando com a OMS no mecanismo de financiamento Covax.

Com G1