Por G1 Zona da Mata


Laboratórios da UFV realizam testes de coronavírus e serão usados para produção de vacinas — Foto: UFV/Divulgação

Equipes da Universidade Federal de Viçosa (UFV) vão trabalhar em três propostas de vacinas para a Covid-19. A informação foi divulgada pela instituição nesta terça-feira (16), após aprovação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O projeto “Produção de quimeras vacinais contra o vírus SARS-CoV-2” tem o objetivo de que as vacinas tenham ampla cobertura populacional, sejam de baixo custo e de uso seguro para diferentes tipos de pacientes. A previsão é de que as vacinas fiquem prontas em um ano.

Para o desenvolvimento das propostas, os pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular do Departamento de Biologia Geral e do Departamento de Enfermagem e Medicina vão usar engenharia genética. O trabalho tem a colaboração do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE).

O professor Sérgio Oliveira de Paula, coordenador do projeto, explicou que, atualmente, há muitos projetos de vacinas com vírus inativados, que induzem anticorpos por tempos indeterminados, que podem evitar a doença, mas por apenas por um período e a eficiência ainda varia de acordo com as pessoas.

“O edital do CNPq foi muito competitivo. Em todo o Brasil, foram submetidas 2.219 propostas e apenas 90 foram aprovadas. Por isso estamos felizes com a confiança em nossa proposta. É um trabalho empírico, de tentativa e erro, mas temos conhecimento para um projeto eficiente”, destacou.

Para o pesquisador, a vacina ideal deve ter uma resposta duradoura e de preferência produzida por métodos já conhecidos, o que pode agilizar e baratear a produção.

As vacinas

O projeto dos pesquisadores da UFV é construir duas vacinas atenuadas com pedaços diferentes do coronavírus e uma outra, chamada de subunidade proteica, que utilizará apenas a proteína (S) do SARS-COV-2. O uso, dependerá da saúde de quem vai receber a vacina.

O que torna o projeto da UFV ainda mais promissor, segundo Sérgio de Paula, é que os pedaços do novo coronavírus serão inseridos na vacina da febre amarela (YFD 17D), já disponível no mercado.

“Esta vacina já tem sua eficácia e segurança comprovadas. Por isso, teremos um produto seguro e eficiente, de produção barata, de rápida avaliação em testes prévios para distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS). Como a vacina irá conter ainda os antígenos do vírus causador da febre amarela, é possível que possua eficácia para os dois vírus”, ressaltou.

O problema da vacina atenuada da febre amarela é que são contraindicadas para pacientes imunossuprimidos, como os portadores de câncer em tratamento, transplantados ou com doenças autoimunes, por exemplo.

Por isso, a outra vacina será obtida fazendo com que um fungo, a levedura Pichia pastoris, produza a proteína (S) do coronavírus que age induzindo a produção de anticorpos. “Eles se ligarão ao vírus evitando que infecte as células e produza a doença”, explicou o coordenador do projeto. Por serem diferentes, as vacinas terão ampla cobertura populacional.

De acordo com os pesquisadores, a proteína S também poderá ser utilizada para diagnósticos mais precisos da Covid-19. O objetivo é padronizar ensaios sorológicos na detecção de IgM e IgG (MAC-ELISA e ELISA), que podem ser bem mais baratos que os utilizados atualmente.

“É um projeto muito ambicioso e esperamos ter resultados factíveis em um ano. Para isso temos uma equipe muito competente e animada com a proposta de contribuir para o tratamento desta pandemia”, finalizou.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!