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Economia Coronavírus

Coronavírus: montadoras no Brasil estudam usar fábricas paradas para produzir ventiladores e respiradores

Das 65 unidades no país, 37 estão paralisadas, com mais de cem mil trabalhadores em férias coletivas, licenças ou 'lay-off'
A fábrica da Ford em Valência, na Espanha, produz cerca de 400 mil veículos por ano Foto: Ford
A fábrica da Ford em Valência, na Espanha, produz cerca de 400 mil veículos por ano Foto: Ford

SÃO PAULO - Montadoras e autoridades já iniciaram conversas sobre como utilizar fábricas paradas para produzir produtos em falta nos hospitais para combater a epidemia de coronavírus , segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Das 65 fábricas no Brasil, 37 estão paradas, com mais de cem mil trabalhadores em férias coletivas, licenças ou lay-off.

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Uma das opções, seria utilizar as impressoras 3D para produzir peças de ventiladores e respiradores, que depois seriam montados por empresas especializadas.

A  Fiat Chrysler confirmou que está participando de vários fóruns e discussões em âmbito estadual e federal para avaliar de qual forma pode contribuir neste momento de crise. A GM, a Ford e a Mercedes-Benz também já demonstraram interesse em fabricar os equipamentos.

No exterior, já ganhou corpo o movimento de fabricantes de veículos que usam suas instalações para acelerar a produção de itens em falta.

A americana Ford anunciou na terça-feira uma associação com a 3M e a divisão de saúde da General Electric (GE Healthcare) para a produção de ventiladores mecânicos e respiradores, equipamentos essenciais para o tratamento do novo coronavírus.

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- Com as matrizes iniciando essa produção no exterior, as filiais por aqui também poderão utilizar os programas para imprimir peças - disse Rafael  Galante, consultor especializado em indústria automotiva.

No Reino Unido, a Jaguar Land Rover e a Rolls-Royce produzirão 20 mil respiradores mecânicos para o sistema de saúde do país. Na Alemanha, a Volkswagen informou que vai atender o pedido do governo, que solicitou ajuda às montadoras, e criou uma força-tarefa internacional para explorar opções.

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Embora o equipamento médico seja um novo empreendimento para a montadora, a companhia pode iniciar a produção desses itens assim que receber as informações necessárias.

O presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga, levantou na semana passada a possibilidade de fabricar peças dos ventiladores em linhas de produção da montadora paradas.

As discussões com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão vinculado ao Ministério da Economia para políticas industriais, também já foram iniciadas.

Algumas montadoras já colocaram suas frotas à disposição para transporte de trabalhadores no interior do país. Também estão ajudando no transporte de álcool gel e de equipamentos médicos.