Por Bárbara Muniz Vieira, G1SP — São Paulo


Ossadas ao longo do cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste de SP, fotografadas nesta quarta-feira (27) — Foto: DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Ossadas humanas expostas ao longo do cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, foram fotografadas na última quarta-feira (27). Por causa da pandemia de coronavírus, 8 mil valas foram abertas e houve aumento de 50% no número de enterros no local em março.

O cemitério da Vila Formosa é o maior da América Latina e recentemente ganhou projeção internacional ao figurar na capa do jornal norte-americano Washington Post com uma imagem aérea que mostrava uma imensidão de covas abertas e, em 30 dias depois, todas ocupadas e fechadas.

As ossadas expostas, segundo a Prefeitura de São Paulo, são oriundas de exumações de covas de pelo menos 10 anos. “Os funcionários do local estão acomodando as ossadas em sacos adequados e identificados, com destino ao ossuário geral, caso, posteriormente, os familiares as solicitem”, disse em nota o Serviço Funerário Municipal.

A Prefeitura não informou, porém, se as exumações estão sendo feitas para abrir espaço para novos sepultamentos. De acordo com um coveiro que prefere não se identificar, estão sendo enterrados até 80 pessoas por dia no Via Formosa.

Só em abril deste ano, o número de enterros subiu 18% na cidade de São Paulo, em comparação com o mesmo período de 2019: foram enterrados no mês 6.171 pessoas, segundo o Serviço Funerário Municipal. Só no Vila Formosa foram enterradas 1.654 pessoas em abril.

Ossadas ao longo do cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste de SP, fotografadas nesta quarta-feira (27) — Foto: DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Concessão à iniciativa privada

O Tribunal de Contas do Município (TCM) suspendeu pela terceira vez o edital de concorrência da Prefeitura de São Paulo que previa a concessão da gestão dos 22 cemitérios e crematórios da cidade à iniciativa privada.

A tentativa de concessão do serviço funerário da capital paulista é antiga e tem enfrentado entraves. Em 2017, o ex-prefeito João Doria (PSDB) chegou a publicar um edital, que foi suspenso pelo TCM. No ano seguinte, em 2018, o processo foi retomado e a Prefeitura recebeu propostas.

Com a saída de Doria para concorrer ao governo do estado, a gestão Bruno Covas (PSDB) começou o trabalho do zero, enviando primeiro um projeto de lei para a Câmara Municipal, que aprovou a ideia.

A proposta é de repassar a manutenção, a revitalização e a expansão dos cemitérios para empresas, que, em contrapartida, poderiam explorar os serviços funerários pelo prazo de 35 anos. A Prefeitura de São Paulo abriu a concorrência no dia 4 de fevereiro e previa definir os novos concessionários no dia 20 de março.

O TCM suspendeu o trâmite, fez uma série de observações e pediu correções. O documento foi republicado no dia 17 de março, com previsão para definir os concessionários no dia 16 de abril. Segundo o TCM, a Prefeitura "preferiu republicar o instrumento convocatório, informando apenas a alteração de três pontos do edital, nada acrescentando ou esclarecendo quanto aos demais apontamentos".

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