Por Iara Alves, G1 PB


Paraíba passa de 5 mil mortes por Covid-19 — Foto: G1

Um pedreiro que criou três filhas sozinho. Uma assistente social que não apenas acolhia, mas lutava e resistia pelos direitos das mulheres, crianças e adolescentes. Um empresário que deixou em destaque o nome da Paraíba para o país inteiro. Todos perderam a vida por causa de uma doença que não escolhe gênero, raça ou classe social. Os três fazem parte dos mais de cinco mil paraibanos que morreram de Covid-19 desde o início da pandemia (veja histórias abaixo).

Em pouco mais de um mês, no dia nove de agosto, o número de mortes causadas pela Covid-19 dobrou na Paraíba. Nesse período, a doença fez como vítima o médico Geraldo Arnaud de Assis Júnior, mais conhecido por Dr. Geraldinho. Ele foi vice-prefeito de Pombal e diretor do Hospital Regional da cidade sertaneja.

Em novembro, o estado alcançou a marca de três mil mortes causadas pelo novo coronavírus. A partir do penúltimo mês do ano passado, com o impacto de aglomerações registradas nas eleições 2020, a quantidade de novos e mortes provocadas pela Covid-19 só cresce.

Renê com a esposa e o filho comerando a chegada de 2021 — Foto: Sabrina/Arquivo pessoal

No fim de janeiro de 2021, uma semana após o início da campanha de vacinação contra a Covid, a Paraíba atingiu quatro mil óbitos devido à infecção. Uma das mortes que faz parte desse índice é da do professor de filosofia Renê Machado, que morreu aos 33 anos, em um hospital público de Campina Grande. Além de defender a não realização de aulas presenciais, ele deixou o legado da luta por uma educação de qualidade para os colegas.

Evolução das 5 mil mortes por Covid-19 na PB
G1 acompanha casos desde o início da pandemia
Fonte: SES/PB

Na terça-feira (16), a triste marca de cinco óbitos foi alcançada. Não se trata apenas de números e estatísticas. Mas de vidas, histórias e legados interrompidos.

Uma dessas trajetórias silenciada foi a de Francisco Gomes de Lima, de 49 anos, que assumiu sozinho a criação das três filhas ainda nos primeiros anos de vida delas, quando a esposa os deixou. Trabalhando como pedreiro, ele sustentou a família por décadas, em João Pessoa. Sem nenhuma doença preexistente, ele foi infectado pela Covid-19 e morreu dias após ser internado com a doença.

Além da saudade, para a família, ele deixa a recordação da alegria e da resiliência de um homem bom. Deixa, ainda, o alerta para a importância da prevenção à doença.

“Foi um descuido dele. Por mais que a gente mandasse ele se cuidar, ele não se cuidou. Ele só usava máscara quando era pra entrar em estabelecimento, que era uso obrigatório”, lamentou Michele Lima, a filha mais velha.

Irmãs lamentam morte de pai, Franciso Gomes da Silva, que as criou sozinho, na PB — Foto: TV Cabo Branco/Divulgação

O presidente do Grupo São Braz e proprietário das TVs Cabo Branco e Paraíba, José Carlos da Silva Júnior, aos 94 anos, também foi fatalmente atingido pelo novo coronavírus.

No comando de uma empresa sexagenária, que está entre as mais respeitadas do Nordeste no ramo alimentício, José Carlos da Silva Júnior dedicou toda a vida ao trabalho e ao empreendedorismo.

A São Braz está presente em todos os estados do Nordeste e também no interior de São Paulo. A dedicação ao trabalho e ao desenvolvimento econômico regional e nacional fez com que, ao longo de sua vida, José Carlos da Silva Júnior fosse homenageado com aproximadamente 20 medalhas e prêmios como o diploma José Ermírio de Moraes. As honrarias vieram de entidades industriais, comerciais e culturais da Paraíba e de outras partes do Brasil.

José Carlos da Silva Júnior, presidente do Grupo São Braz — Foto: Reprodução/TV Globo

Forte como a essência feminina, Cida Sarinho também não resistiu às complicações da Covid-19. Com uma vida dedicada à assistência social, ela cuidou de mulheres, crianças e adolescentes como o mesmo amor e empenho que dedicou à própria família.

“Minha mãe foi uma mulher forte e lutadora. Para resumi-la, só existe uma palavra: cuidado. Cida Sarinho foi uma mulher incrível e que deixará muitas saudades em todos que pôde tocar”, declarou o filho de Cida, Iago Sarinho.

Assistente social Cida Sarinho morre de Covid-19, aos 58 anos, em João Pessoa — Foto: Arquivo pessoal/Cida Sarinho

Mortos pela Covid-19 na Paraíba

Muitas outras foram as perdas provocadas pela Covid-19 no estado. Saúde, educação, política, esportes, sindicalismo, cultura, serviços e negócios são alguns dos segmentos com baixas não apenas de vidas, mas de representação e significado.

O G1 fez uma relação com os mortos pelo novo coronavírus de paraibanos ou que aconteceram na Paraíba. Relembre alguns dos casos mais recentes:

Alta de casos, mortes e fila de espera por UTI; ‘pior cenário desde início da pandemia’, diz secretário

Um outro novo cenário preocupa as autoridades de saúde estaduais. O estado passou a registrar filas de quase 60 pacientes por dia, na espera por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A demanda por novos leitos de UTI para tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus demonstra, a cada dia, estar em situação de igualdade com a abertura dos novos espaços de terapia intensiva, que já são pelo mais 351 novos leitos abertos desde fevereiro.

“Isso mostra que nos estamos vivenciando, e estamos mostrando há alguns dias, o pior cenário desde o início da pandemia”, lamentou o secretário estadual de saúde, Geraldo Medeiros.

Ainda de acordo com secretário, a nova onda de infectados é resultado de aglomerações flagradas no período do carnaval deste ano.

Para conter essa crescente, o governo do Estado adotou medidas mais rígidas de prevenção e combate à doença. Entre elas, toque de recolher e redução de jornada nos segmentos de bares, restaurantes e comércio.

Por enquanto, para as autoridades em saúde, vale a máxima da prevenção. O uso de máscaras faciais, a limpeza das mãos e o distanciamento social são cada vez mais essenciais e importantes para salvar vidas até que toda a população esteja imunizada contra o novo coronavírus.

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