Ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, dá entrevista sobre as inconsistências em seu currículo. — Foto: Reprodução
Após serem divulgadas as polêmicas sobre o currículo de Carlos Alberto Decotelli, ministro da Educação, entidades do setor afirmam que o documento "não deveria ser objeto de mentiras", que as inconsistências são algo "gravíssimo" e um "desrespeito ao profissionais cientistas, professores, que dedicam anos do seu trabalho para produzir conhecimento".
Anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro na última quinta-feira (25) como o novo ministro da Educação, Decotelli acumula ao menos cinco polêmicas sobre a sua formação acadêmica:
- declaração de um título de doutorado na Argentina, que não foi obtido;
- denúncia de plágio na dissertação de mestrado da Fundação Getúlio Vargas (FGV);
- pós-doutorado na Alemanha, não realizado;
- apoio de empresa que, segundo uma professora da Alemanha, não foi obtido;
- descrição de vínculo como professor da FGV no currículo, quando na verdade ele é colaborador.
Confira abaixo os posicionamentos:
Flávia Calé, presidente da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), em nota: "Para quem se dedica à produção científica, é triste ver um mau exemplo partindo do próprio ministro da Educação. A defesa de uma tese significa um tijolo na grande edificação coletiva do saber. É um momento grandioso, sonho de muitos de nós. Não deveria ser objeto de mentiras nem de pouco caso das autoridades públicas."
Priscila Cruz, co-fundadora e presidente-executiva do Todos Pela Educação, no Twitter: "Muita mentira junta é grave. Ministro da educação mentir formação acadêmica, é gravíssimo. Ministro que não é mais confiável para restabelecer as pontes com Estados, Municípios, Congresso e sociedade, não consegue exercer suas funções frente a profunda crise na educação."
Campanha Nacional pela Educação, em nota: "É um cenário no mínimo grotesco termos como indicado para o Ministério da Educação alguém que mente no currículo – e que comete, portanto, um crime – e ainda por cima tendo chegado ao ministério se dizendo técnico e tentando se descolar do caráter político e ideológico vergonhoso do governo para o qual aceitou entrar. É uma sobreposição de falta de coerência, é o cúmulo. Desde sua confirmação já dissemos que nenhum técnico não é político – e agora isso se comprova."
Iago Montalvão, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE): "A UNE enxerga como um desrespeito à educação as mentiras no currículo do novo ministro da Educação. Principalmente, um desrespeito ao profissionais cientistas, professores, que dedicam anos do seu trabalho para produzir conhecimento, e assim geram desenvolvimento científico e inovação,e que contribuem para sociedade como um todo. Esse títulos de graduação são fruto de empenho dos profissionais e não podem ser banalizados dessa forma. E também é muito ruim para a Educação que o terceiro ministro da pasta do governo Bolsonaro chegue envolto à crises, ainda mais nesse momento em que existem uma série de pautas importantes, como as aulas remotas nas escolas e universidades,a evasão nas universidades, a aprovação do novo Fundeb, o debate sobre a data do Enem, entre outras.E que mais essa crise não deve servir de pressuposto para que o governo Bolsonaro continue aprofundando o MEC em uma rota de ideologização, promovendo uma guerra cultural, como foi com Weintraub. Tudo isso deve chamar à atenção para as ações que Bolsonaro faz e geram mais crises seguir prejudicando a educação."
Carlos Alberto Decotelli tenta explicar incongruências do currículo
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